Com a apresentação de Wilson Macário Alves, o Dedé, 28 anos, a Polícia Civil divulgou os detalhes de como foi planejado um dos crimes mais cruéis nos últimos anos na Grande Florianópolis. O autor das mortes de três jovens é tido como um homem frio e que traiu conhecidos para roubar R$ 10 mil.
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O delegado Attilio Guaspari Filho afirma que as três vítimas do triplo homicídio, em maio, em Palhoça, foram mortas em uma fração de segundos por Dedé com uma pistola.
O motivo seria mesmo a armadilha feita para roubar o dinheiro – na época, familiares das vítimas disseram que elas haviam ido negociar um terreno na praia da Pinheira com Dedé, mas essa negociação nunca existiu, de acordo com a polícia.
Júlio Cesar Thibes, Augusto Moreira das Chagas e Gabriel de Oliveira, moradores do Morro do Horácio, foram executados a tiros e os corpos enterrados nas dunas na Guarda do Embaú, em Palhoça.
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A investigação contou com uma testemunha. A partir disso e de outros meios de informação, a polícia concluiu que Dedé atraiu os três ao local, no fim da tarde de 29 de maio, para vender duas pistolas e uma espingarda calibre 12 por R$ 10 mil. A venda das armas não se concretizou. A intenção de Dedé, conforme o delegado, foi a de roubar os três e fugir com o dinheiro.
– Foi uma armação dele, uma tocaia. Ele disse aos três que as armas estariam enterradas dentro de um violino e os levou no matagal para procurar. Ali, enquanto procuravam, em uma fração de segundos ele atirou e matou os três rapidamente – relatou o delegado.
A polícia diz que os crimes foram premeditados e que Dedé sabia que uma das vítimas, o adolescente Gabriel de Oliveira, 15 anos, era filho do traficante Rodrigo de Oliveira, o Rodrigo da Pedra, um dos líderes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC).
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A polícia concluiu também que as covas foram feitas antes dos assassinatos e que não foi Dedé quem enterrou os corpos. Por isso, outras pessoas são investigadas.
O policial disse que desde a semana passada o advogado de Dedé, Celso Lins, negociava a sua apresentação à polícia. Uma das exigências teria sido que Dedé não ficasse na Central de Triagem, o cadeião do Estreito. Às 11h desta segunda-feira, Dedé foi levado no carro do advogado à delegacia de Palhoça. Por volta das 15h, deixou o local rumo ao sistema prisional, cuja unidade não foi revelada porque Dedé está jurado de morte.
Escondido no interior do Rio Grande do Sul
A polícia suspeita que desde o dia 18 de junho, quando saiu a ordem de prisão, Dedé ficou escondido no interior do Rio Grande do Sul – o nome da cidade não foi revelado. A pressão aos seus familiares, que estariam sofrendo ameaças de morte e de sequestros como vingança, o levou se entregar, além do cerco policial que vinha se intensificando nos últimos dias.
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O delegado pretende interrogá-lo nos próximos dias e vai pedir a prisão preventiva à Justiça. Ao final, vai indiciá-lo por latrocínio (roubos seguidos de mortes) e ocultação de cadáveres. Assim, se for denunciado pelo Ministério Público, Dedé estará sujeito a penas de mais de 90 anos de prisão em caso de condenação.
No primeiro depoimento que deu à polícia antes de ter a prisão decretada, Dedé negou envolvimento. Nesta segunda, o DC não teve acesso ao preso. O advogado dele disse que vai analisar o inquérito antes de qualquer manifestação sobre a defesa e não quis afirmar nem se Dedé nega ou confessa as mortes