A morte de uma mulher de 34 anos dentro de uma igreja evangélica no bairro Costa e Silva, na zona Norte de Joinville, deixou familiares revoltados com a falta de socorro. Miriam Rondam Cardoso tinha problemas no coração, usava marcapasso e morreu após ter uma parada cardíaca.
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Por causa disso, no fim da tarde desta terça os familiares registraram um boletim de ocorrência contra a Igreja do Evangelho Quadrangular. A intenção, segundo eles, é evitar que negligência que consideram ter havido leve a dor a outras famílias.
– Não queremos dinheiro. Queremos que se tenha cuidado com os fiéis para evitar uma outra morte -, diz o cunhado de Miriam, Nelson Schwalpe, de 39 anos.
A balconista também morava no bairro Costa e Silva, nos fundos da casa da mãe, e era frequentadora dos cultos. Na noite de segunda, ela, a irmã e a mãe foram até a igreja. No final do culto, perto das 21 horas, Miriam passou mal e desmaiou no chão. Segundo Nelson Schwalpe, ela sabia que sofria de um problema cardíaco.
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Quando Miriam passou mal, Nelson conta que muita gente foi em cima dela.
– A família ficou preocupada na hora e começou a cuidar para que não a sufocassem -, conta ele, justificando o porquê de os familiares não terem chamado ajuda logo.
Enquanto isso, segundo ele, o pastor teria preferido orar pela melhora de Miriam.
– Ele omitiu ajuda. Começou a orar achando que ela estava com algum espírito e acreditou que orando poderia salvá-la.
Para receber as orações, Miriam foi levada ao altar e depois para uma sala anexa, de acordo com Nelson, que calcula ter se passado quase 50 minutos até chamarem socorristas. Quando chegou, a equipe do Samu conseguiu reanimar a mulher, mas ela teve outra parada cardíaca e acabou morrendo.
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– Houve falha. Passou muito tempo até chegarem os socorristas. Miriam não volta mais e a gente quer que a igreja esteja preparada para quando ocorrer um acidente desses. Ou chamam ajuda de uma vez ou disponibilizam profissionais.
Conforme o cunhado, Miriam será enterrada nesta terça, às 9 horas, no Cemitério Municipal. Ela tinha dois filhos – uma menina de 12 e um menino de 14. Família registrou o fato na delegacia e acredita ter havido omissão de socorro
O delegado Fernando Padilha, da Delegacia Norte, no Costa e Silva, em Joinville, onde foi registrada a ocorrência, não foi localizado para falar do assunto. Segundo o cunhado de Miriam, Nelson Schwalpe, um atendente da delegacia informou que o primeiro procedimento seria ouvir a igreja para depois dar retorno à família.
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A omissão de socorro, alegada pelos familiares de Miriam, é crime cuja pena vai de um a seis meses de prisão, mas pode ser triplicada se resultar em morte.
“AN” procurou a igreja, mas não conseguiu falar com o pastor responsável pelo culto na noite de segunda. Ele também não retornou as ligações para o seu telefone celular.