O show do grupo de rap Facção Central, que seria realizado nesta sexta-feira (15), no Boliche da Ilha, na SC-401, em Florianópolis, foi cancelado. Na última quinta-feira (7), a divisão de fiscalização de jogos e diversão da Polícia Civil fez uma operação no local e vetou a realização da apresentação. A gerente da unidade, delegada Michele Antunes, afirmou que o alvará anual não estava em dia e que o estabelecimento não comportaria um evento desse porte.

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O dono da casa, Alexandre Clemente, e o produtor do espetáculo, Geraldo Cappadona, mais conhecido como MC Gera, contestaram a decisão, afimando que todos os alvarás de funcionamento estavam em dia e que os agentes estariam realizando uma espécie de perseguição, já que o grupo faz críticas à polícia nas letras de suas músicas.

Gera afirmou que cinco policiais, incluindo a delegada Michele, estiveram no boliche, onde ele também trabalhava como barman, e pediram para falar com o dono do estabelecimento. Em um primeiro momento, queriam ver os papéis que autorizavam o show:

– O Alexandre então afirmou que estava tudo certo, inclusive o alvará anual de licença, que tinha vencido naquela semana, mas já estava com a renovação protocolada.

Segundo os dois responsáveis pela apresentação do Facção Central na cidade, foi a partir desse momento que os agentes mudaram o tom.

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– Eles começaram a mostrar fotos e vídeos, acusando a banda de ter envolvimento com o tráfico, além de incitar o crime e a violência contra policiais – afirmou Gera.

– A delegada disse: “Não vai acontecer aqui e nem em nenhum lugar e, se insistirem, venho com 50 viaturas e um helicóptero para impedir” – completou Alexandre

Michele Correa afirma que os alvarás anual e de incêndio do local não estavam em dia. Questionada sobre a possível perseguição ao grupo por conta das críticas à polícia, a delegada rebateu:

– Eu nem conheço essa banda? Aqui o pessoal (da polícia) também não conhece.

Depois de ser avisado do ocorrido pela produção, o cantor e compositor do grupo, Washington Roberto Santana, mais conhecido como “Dum-Dum”, gravou um vídeo, que foi enviado em primeira mão à reportagem, lamentando o cancelamento do show e explicando o polêmico nome Facção Central.

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A banda, que tocaria pela primeira vez em Florianópolis, já foi censurada outra vez, 15 anos atrás. O juiz Maurício Lemos Porto Alves, na época trabalhando no departamento técnico de inquéritos policiais e polícia judiciária, determinou a apreensão na emissora MTV da fita-cassete original do clipe da música Isso Aqui É Uma Guerra. Isso aconteceu após o Ministério Público Estadual de São Paulo acusar o videoclipe de incitar a prática de roubo a residências, veículos, agências bancárias e caixas eletrônicos, além de sequestros, porte ilegal de armas, libertação de presos, latrocínio e homicídio.

– Os caras queriam calar o Facção Central, mas o tiro saiu pela culatra – brincou Gera, referindo-se à proporção que ganhou o grupo após a censura do vídeo.

Os produtores estão realizando a devolução do dinheiro dos ingressos. Mais informações no link do evento no Facebook.