A Polícia Civil de Criciúma começou a ouvir nesta quinta-feira as vítimas do assalto assalto a um ônibus ocorrido na noite de quarta-feira na BR-101, em Imbituba. Os passageiros prestaram depoimento durante todo o dia, mas até o momento ninguém teria sido preso.

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O caso está a cargo do delegado Márcio dos Campos Neves. Os suspeitos envolvidos são dois jovens, que renderam o motorista e os passageiros do ônibus que fazia a linha Florianópolis-Araranguá, com parada prevista em Criciúma.

Segundo o delegado, a tendência é que o grupo seja de Florianópolis. Por isso, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) está auxiliando no trabalho de buscas aos envolvidos:

– São pelo menos quatro ou cinco pessoas envolvidas. Pela ação, parece ser uma quadrilha especializada – explicou Neves.

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Um dos trabalhos da polícia será ter acesso às câmeras de segurança da Rodoviária de Florianópolis para possível identificação da dupla que entrou no ônibus e depois surpreendeu os demais passageiros. Além dos objetos que as vítimas carregavam dentro do ônibus, os ladrões também teriam levados os pertences que estavam no bagageiro.

A dupla ordenou que o condutor parasse no Trevo do Mirim, onde estavam mais dois comparsas os esperando com os carros de fuga. A viagem do veículo teve momentos tensos, que incluíram agressões verbais e físicas e até disparos de arma de fogo.

::: Ônibus é assaltado na BR-101

– A impressão que deu é que foi tudo muito bem articulado. Eles sabiam o que estavam fazendo, sabe? Estavam preparados para aquilo ali e sabiam o tempo certo de cada coisa – relata a jornalista Franciele Lima, uma das passageiras.

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Franciele conta ainda que o motorista levou uma coronhada na cabeça, e mesmo assim teve forças para acalmar os passageiros e seguiu o trajeto até o fim da rota.

Passageira registrou B.O. na cidade onde mora, em Criciúma

Foto: Caio Marcelo, Agência RBS

Confira a entrevista com a passageira Franciele Lima

Diário Catarinense – Como foi que tudo começou?

Franciele Lima – A gente estava seguindo viagem normal. O ônibus não tinha parado ainda. Luz apagada, tudo certo. Por volta das 21h, um individuo se levanta e começa a fazer a abordagem.

DC – Ele estava dentro do ônibus?

Franciele – Sim. Dois rapazes seguiam viagem conosco. E a partir daí iniciou toda a abordagem. Eles pediram para o motorista acender a luz. Enquanto um ficava em cima iniciando o assalto, o outro acompanhava o motorista. Aí, iniciou a agressão ao motorista. Em cima, como teve movimentação, eles agrediram algumas pessoas, tanto verbal quanto fisicamente. Como um senhor acabou se manifestando, eles fizeram dois disparos dentro do ônibus. Nisso, eles pediram para nós jogarmos as bolsas no corredor e começaram a retirar o material. A ação deve ter durado por volta de 15 minutos. E aí, depois desses 15 minutos, um deles pediu para o motorista ir diminuindo a velocidade.

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DC – Até então o ônibus estava andando. Eles não pararam?

Franciele – Não pararam em nenhum momento. O ônibus andando. Depois da ação de 15 minutos, próximo da região de Imbituba, eles diminuíram a velocidade em um ponto estratégico. Outros dois homens entraram e ajudaram a recolher todas as coisas que estavam ali. No Trevo do Mirim tinham dois veículos já esperando para a fuga. E nós paramos em um posto próximo, onde uma viatura da Polícia Militar estava nos aguardando.

DC – Qual a impressão que você teve sobre a ação deles?

Franciele – A impressão que deu é que foi tudo muito bem articulado. Eles sabiam o que estavam fazendo, sabe? Estavam preparados para aquilo ali e sabiam o tempo certo de cada coisa. Eles estavam a duas poltronas da minha. Não vi nenhuma movimentação. Nenhuma ligação, nenhuma articulação. Parecia que eles estavam esperando o momento certo. Tal hora, tá calculado, a gente começa o assalto.

DC – Você acha que a ação foi calculada para pegar alguém em específico?

Franciele – Eu acredito que não. Nós estávamos em aproximadamente 20 passageiros. Tínhamos duas pessoas com cargos importantes, mas não possuíam nada de valor fora do comum, entende? O que foi levado por eles dá um valor elevado, mas só em bens materiais. Notebook, ipad, iphone. Na visão de quem presenciou tudo foi algo realmente planejado. A empresa não solicitou documento de identificação na entrada do ônibus. Então eles compraram a passagem e entraram no como qualquer outra pessoa. Um fato curioso é que além de eles levarem tudo, como se não bastasse levaram os sapatos de alguns passageiros.

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DC – A empresa chegou a conversar com vocês?

Franciele – Não, até o momento a gente não recebeu nenhum suporte. Tanto que nós ficamos pasmos porque o motorista, mesmo agredido, com a cabeça enfaixada, com muito sangue na roupa, seguiu viagem até Araranguá. Ele permaneceu na rota. Não tivemos um aviso para aguardar por outro motorista. No momento do assalto ele estava sozinho na cabine, então ele que sofreu mais, pois lá em cima nós estávamos em mais pessoas. E o motorista foi muito forte, passou confiança pra gente. Dizendo que ia seguir a rota normal, que podíamos contar com ele.