A polícia regional da Catalunha decide nesta quarta-feira (27) se aplica a ordem da Procuradoria de fechar as zonas eleitorais para impedir o referendo de secessão no domingo (1º), em meio à movimentação de estudantes separatistas, que se declararam em greve.
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No início da tarde, a cúpula dos Mossos d’Esquadra (a Polícia regional catalã) se reúne com a Procuradoria Superior da Catalunha, que na véspera aceitou a ordem drástica de fechar as seções eleitorais no mais tardar na noite de sexta, e vigiá-las até a noite de domingo.
Além disso, os agentes desta força policial deverão identificar os responsáveis por estes centros, pedir informações relacionadas ao voto e advertir para que não cedam estes espaços.
A atuação dessa Polícia – que é autônoma, mas está submetida à legislação do Estado espanhol – é essencial. Por isso, e como parte de seu empenho para impedir a consulta, o Ministério do Interior a colocou neste fim de semana sob tutela parcial.
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A tarefa é delicada para os Mossos, por sua proximidade com a população catalã, profundamente dividida sobre a conveniência de continuar na Espanha, ou se separar dela.
“O que provavelmente vai acontecer é evitar o voto nas grandes cidades. Assim, evita-se que dois milhões de pessoas votem”, em um total de mais de seis milhões, especulou uma fonte judicial que pediu para não ser identificada.
Ao apontar para os colégios eleitorais, a Procuradoria espanhola se aprofunda em um plano destinado a impedir todos os passos até a organização do referendo.
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Desde meados de setembro, a Justiça ameaça os prefeitos que queiram cooperar com a votação, assim como outros funcionários que colaborem na organização do referendo.
A comissão eleitoral criada expressamente para o referendo teve de renunciar em bloco, depois que o Tribunal Constitucional lhe impôs multas diárias de 12.000 euros.
Também detiveram 14 funcionários regionais de alto escalão, apreenderam quase 10 milhões de cédulas de votação e outros materiais eleitorais e fecharam dezenas de sites que faziam propaganda do referendo.
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Ainda assim, o governo regional do separatista Carles Puigdemont mantém seu plano.
O número elevado de centros apresenta outra dificuldade: a possível ocupação dos colégios por parte de estudantes separatistas, que convocaram uma greve para esta quarta até o dia 1º.
A crise catalã atinge as mais variadas esferas e, nesta quarta, foi a organização separatista basca ETA que criticou a resposta do governo de Madri às aspirações do governo catalão.
“O Estado espanhol é uma prisão para os povos e assim se mostra ao negar a identidade nacional dos Países Catalães”, escreve o ETA em um comunicado publicado pelo jornal basco “Gara”.
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Em meio século de luta armada pela independência do País Basco até o anúncio do fim oficial da violência em 2011, o grupo provocou a morte de pelo menos 829 pessoas.
A crise da Catalunha demonstra que o Estado espanhol tem um “problema de caráter estrutural”, aponta a organização basca.
“Após quatro décadas, o verdadeiro rosto do regime de 78 aparece com clareza. Na Catalunha, observamos seus autênticos fundamentos: imposição, dependência e opressão”, acrescenta o comunicado.
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A crise catalã explodiu poucos meses depois do anúncio do ETA sobre seu desarmamento, quando a organização entregou à Justiça da França uma lista de seus esconderijos de armas em território francês.
“ETA é perfeitamente consciente de que, no ciclo político que vem, nossa organização não será um agente principal”, completa a nota, dando a entender que se aproxima um debate sobre sua possível dissolução.
bur-avl.zm/cn/tt
* AFP