A Polícia Civil continua atrás de pistas que ajudem a identificar, localizar e prender os responsáveis por matar de forma violenta duas mulheres na Grande Florianópolis nesta semana. As vítimas, Alexandra Ramos, que estava grávida de 38 semanas, e Hilóra Mayra de Souza, foram encontradas na manhã de quinta-feira em Palhoça e São José, respectivamente.
Continua depois da publicidade
Como os casos ainda não têm autoria identificada foram ambos repassados para delegacias dos dois municípios, ao contrário de irem para as Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso. Os dois casos são tratados como homicídios, e não feminicídios – a punição por crimes deste tipo são mais pesadas.
Responsável por investigar a morte de Alexandra, assassinada a facadas na região do pescoço, além de ter sido brutalmente agredida no rosto em frente à uma fábrica de lanches às margens da BR-282, a delegada Raquel Freire diz que não divulgará informações para não atrapalhar as apurações.
A vítima, de 36 anos, morava em Palhoça há duas décadas. Ela foi vista pela última vez na tarde de quarta-feira, quando se dirigia à escola dos filhos no bairro onde morava para pegar o boletim das crianças.
Continua depois da publicidade
— Estava grávida de 38 semanas, seria seu nono filho – diz uma familiar, que preferiu não se identificar.
Já o delegado Manoel Galeno, que apura as circunstâncias da morte de Hilóra Mayra de Souza, 26 anos, também segue atrás de elementos para avançar na investigação. Hilóra foi encontrada morta em um matagal no bairro Morar Bem, em São José.
Segundo o policial, o corpo se encontrava em avançado estado de decomposição e com uma peça íntima enrolada no pescoço, indicando sinal de estrangulamento.
Continua depois da publicidade
Estado registrou 49 vítimas de homicídio
Assassinatos de mulheres ocorridos nos últimos 40 dias em Santa Catarina ainda não estão nas estatísticas oficiais da Secretaria de Segurança Pública. É o caso, por exemplo, dos dois crimes ocorridos durante a semana em São José e Palhoça, na Grande Florianópolis. Por enquanto os dados da pasta se referem ao primeiro semestre de 2017.
Ainda assim, há outro número que mesmo não aparecendo nos registros serve como referência e expõe o tamanho do problema. Até 6 de julho, foram 49 mulheres mortas no Estado. Pelo menos 32 apontavam para feminicídio. Mas o número pode oscilar, pois alguns ainda estão sob investigação. A observação é da coordenadora das Delegacias de Proteção à Mulher de Santa Catarina, delegada Patrícia Zimermann D¿Ávila.
A delegada explica que para ser enquadrado em feminicídio as mortes precisam apontar para violência doméstica e menosprezo à condição de ser melhor. Por isso, diz, é necessário esperar pelas investigações e conclusão dos inquéritos:
Continua depois da publicidade
— Precisamos saber o fator motivador do crime para definir se é ou não feminicídio.
No Estado, existem 31 Delegacias Especializadas da Mulher. Na sexta-feira, a coordenadora informou que faria um pedido para atualização dos dados junto as DPCAMIs. De posse do dado, a delegada pretende conversar a respeito. Mas ela assegura que, independente das estatísticas, a polícia continua trabalhando no sentido de esclarecer os crimes e também nos procedimentos a serem adotados quando se tratam de medidas protetivas com relação às mulheres que têm o direito assegurado pela Justiça.