Passava das 14h da última sexta-feira, quando o irmão caçula de 10 anos abraçou a irmã com lágrimas nos olhos.
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– Mana, fui estuprado.
Começava ali o pesadelo na residência de madeira, onde moram a mãe, o marido e dois irmãos do garoto, no Bairro Ipiranga, em São José.
O suspeito morava no mesmo terreno e convivia com a vítima há mais de oito anos
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– Sumiu daqui desde sexta-feira – afirmou a irmã da vítima.
Abuso confirmado
O delegado Fabiano Rocha, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de São José, deve decretar a prisão preventiva do rapaz ainda nesta terça-feira e aguarda o mandado de prisão da Justiça para efetuar a captura.
– É um caso prioritário. Foi confirmado o estupro pelo laudo pericial e psicológico. Assim que estiver em mãos, decreto a prisão do vagabundo – adiantou.
Enquanto o agressor não é preso, o menino tenta se recuperar, em casa, apoiado pela família. Para evitar infecções, ele está submetido a um coquetel forte de remédios, que deve tirá-lo por um mês das aulas no 5º ano.
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– Ele consegue brincar, mas tem hora que ele para e chora. Tem sempre uma tristeza no olhar. Na hora de dormir é o pior horário, pois ele lembra – contou a irmã, que teve de queimar o sofá no domingo, pois seria o local onde ocorreu o crime.
Nesta terça-feira, a criança deve ser assistida por psicólogos do Conselho Tutelar de São José e ainda vai passar por mais exames no Hospital Infantil Joana de Gusmão.
Acompanhamento psicológico tem que ser imediato
A psicóloga Vanda Maria de Moura, fundadora do Instituto Cidadania em Ação, de São José, trabalha há 20 anos com violência doméstica. De acordo com a profissional, no caso de abuso sexual contra menores, o ideal é ter um acompanhamento psicológico o mais rápido possível.
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– É criado um trauma. Podemos perceber logo uma agressividade ou timidez, pois ela não consegue interagir nos mesmos grupos de antes e qualquer pessoa pode representar o agressor. A longo prazo, o trauma não tratado pode interferir nas relações – informou a psicóloga.
O tratamento, no caso do ICA, é feito em um espaço ludoterápico, onde a criança brinca e o psicólogo acompanha para buscar o tratamento ideal para o trauma, gerado pela violência.
– É importante que os pais e as pessoas mais próximas também façam um acompanhamento psicológico para reverter o quadro de desestrutura psíquica – alerta a especialista.
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O ICA recebe encaminhamentos de órgãos públicos das áreas da Segurança, Justiça, Assistência Social e Saúde.
Para ajudar a prevenir ou denunciar à polícia casos como este, ligue no 181, ou compareça à unidade de polícia mais próxima.