A apuração de um assassinato marcado pela brutalidade já é tratada pela Polícia Civil de Caçador, no Meio-Oeste do Estado, como um caso praticamente solucionado. Mas indícios de que o principal suspeito da morte teria participação em outros crimes igualmente bárbaros levam a equipe de investigação a crer que o trabalho está só começando e mais homicídios podem vir à tona.

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“Acredito que estamos diante de um serial killer”, diz delegado

Fábio da Silva, 22 anos, foi preso temporariamente sob a suspeita de ter matado Lucas Pereira, da mesma idade, no último dia 22. A vítima foi morta por sufocamento e depois teve o corpo esquartejado – os restos mortais só foram encontrados no último sábado, um dia após a prisão de Fábio.O delegado responsável pelo inquérito, Eduardo de Mattos, acredita estar diante de um caso de assassinatos em série, que configuram a atuação de um serial killer.

Suspeito de matar e esquartejar jovem de 22 anos é preso em Caçador

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Mattos considera o fato de que Fábio é indiciado, ao lado da mãe, no processo que apura a morte do próprio pai, em 2013, embora ambos respondam em liberdade. O telefone celular do suspeito, afirma o delegado, também pode guardar evidências de que mais assassinatos foram praticados e filmados.

Polícia Civil faz reconstituição de crime de possível serial killer em Caçador

Perícia procura vídeos em celular

A polícia ainda não teve acesso aos dois vídeos mencionados em depoimentos, mas testemunhas garantiram que em um deles o suspeito aparece nas imagens e chega a falar para a câmera enquanto esquarteja um cadáver. O equipamento passa por perícia numa tentativa de recuperar as supostas gravações, possivelmente deletadas antes da apreensão.

– Pelo vídeos contidos no celular dele, onde em um deles ele aparece cortando uma pessoa ao meio, e pelas provas que temos do homicídio do Lucas, acredito que estamos diante de um assassino em série – reforça Mattos.

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Convicções à parte, a investigação dos supostos assassinatos ainda precisa ligar uma série de pontas soltas. Tecnicamente, a polícia não tem como comprovar um crime e apontar autoria sem antes localizar os corpos ou, ao menos, identificar prováveis vítimas.

Até agora, nenhuma família procurou a Delegacia de Caçador com informações sobre desaparecidos.A própria equipe de investigação está quase exclusivamente dedicada à apuração do assassinato do último dia 22. Assim, a consulta detalhada em cadastros de desaparecidos e outras diligências ainda dependem da conclusão do inquérito atual.

Testemunhas relatam problemas psicológicos

Até ontem, Fábio sequer tinha um advogado que pudesse representá-lo na reta final das investigações. Ele está detido no Presídio Regional de Caçador – a prisão temporária é de um mês, mas pode ser convertida nas próximas semanas para prisão preventiva, por tempo indeterminado. Relatos de que Fábio manifestava problemas psicológicos nos últimos meses, como alucinações e saídas noturnas sem rumo, reforçam a tese da polícia quanto à sua personalidade. Por outro lado, o suspeito trabalhava com carteira assinada em uma empresa do segmento madeireiro e não há evidências de que usasse drogas.

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Ele morava com a companheira, uma jovem de 17 anos com quem teve dois filhos, e com a cunhada. Lucas também não tinha histórico criminal. Para a polícia, não existe motivação clara para ele ter sido assassinado. Nas rodas de conversa em pontos comerciais e pelas esquinas de Caçador, não há assunto mais comentado do que o suposto serial killer da cidade. Antes disso, só em 2014 as páginas policiais tiveram tanta repercussão em Caçador: a notícia do momento era a prisão de uma mulher acusada de matar quatro companheiros, ficando conhecida como ¿viúva negra¿.

Versão ganhou simulação ontem

A sequência de acontecimentos do último dia 22, narradas por uma testemunha, foi reproduzida em um trabalho coordenado pelo Instituto Geral de Perícias ontem à tarde, em Caçador. A reprodução simulada não contou com a presença do suspeito Fábio da Silva.

A testemunha indicou onde ele teria parado o carro em um primeiro momento, numa área em frente à estação experimental da Epagri, quando havia mais pessoas reunidas para beber. Também indicou onde Fábio teria levado Lucas de carona em seguida, em uma estrada de chão com pouco movimento, durante a madrugada, em uma rota percorrida de carro em alguns minutos. Lá, a testemunha disse ter visto a vítima ser enforcada com uma espécie de lacre, antes de ter o corpo jogado no matagal. Lucas estaria muito embriagado e sem condições de se defender.

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O esquartejamento e a ocultação do corpo, no entanto, só teriam ocorrido na noite seguinte aos fatos narrados na reprodução. Como o solo estava bastante úmido, a polícia acredita que o suspeito teve dificuldade para manejar o corpo e encobrir todos os membros. Duas covas chegaram a ser cavadas em locais próximos.

– Todo o trabalho da perícia será incluído no inquérito policial e, mais adiante, deve servir de prova para um eventual julgamento – explica o delegado responsável pelo caso, Eduardo de Mattos.

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