O caso da imagem de Iemanjá que teve parte de sua estrutura quebrada a marretadas está sendo investigado pela Polícia Civil. O inquérito foi instaurado e a polícia ainda busca identificar a pessoa (aparentemente uma mulher) que aparece no vídeo golpeando a imagem da orixá feminina — uma divindade das religiões de matriz africana. A depredação ocorreu na manhã de quinta-feira (19), no bairro Ribeirão da Ilha, em Florianópolis.

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O crime de intolerância religiosa ainda está sendo considerado pela Polícia Civil. Conforme o delegado Abel Mantovani Bovi, da 2ª Delegacia de Polícia do Saco dos Limões, as informações reunidas até o momento são de dono ao patrimônio público, mas nenhuma hipótese foi descartada.

"A partir da identificação do autor do dano, e no curso do inquérito policial, é que será possível definir se houve ou não intolerância por parte dessa pessoa" explicou o delegado, em nota.

A imagem, que mede 1,80 metros, teve as mãos, um ornamento na cabeça e a base danificadas. A estátua está no local desde 2013 e foi colocada pela Sociedade Ylê de Xangô, que mantém um centro de umbanda próximo ao local. Mas não é a primeira vez que ela é alvo de ataques. Em novembro de 2018, ela teve parte de sua estrutura pintada com tinta vermelha e algumas partes danificadas. O ato foi denunciado pela Ylê de Xangô, mas o autor não foi localizado.

Um protesto contra a intolerância religiosa está marcado para este domingo (22), a partir das 17h, na Freguesia do Ribeirão da Ilha. O ato é organizado por diferentes entidades, entre elas o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso, da Faculdade Católica de Santa Catarina.

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Imagem foi atingida 23 vezes

O vídeo que mostra uma mulher batendo na imagem com uma marreta foi gravado por Francisco Leandro Reinaldo da Silva, que mora em uma casa localizada em frente à estátua.

Ele conta que viu a mulher após ouviu um barulho e ir até a rua ver o que estava acontecendo. Começou a gravar quando percebeu a ação da mulher. Depois de quebrar a imagem, a mulher entra em um carro e vai embora.

— Ela chegou a subir ali em cima [da estátua] e "tacar" a marreta — lembra o rapaz, que mora em Florianópolis há cerca de três meses e afirma nunca ter visto uma situação semelhante, nem na cidade, nem no Ceará, de onde saiu.

Intolerância religiosa é crime

A intolerância religiosa é um crime previsto no Código Penal. O artigo 208 prevê sanções a quem “vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. Nesse caso, a pena prevista é de detenção de um mês a um ano, ou multa.

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A intolerância também aparece na lei 7.716/1989, alterada pela lei 9.459/1997, que define como crime “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena prevista é de um a três anos de reclusão e multa.

Além disso, a Constituição Brasileira estabelece a consciência religiosa e de crença como um direito de todos, conforme o artigo 5º, inciso VI.

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