A divulgação nesta sexta-feira da carta que o papa Francisco enviou com a bênção apostólica à escritora Francesca Pardi, autora de histórias infantis sobre famílias formadas por casais homossexuais, gerou polêmica na Itália.
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“Era uma carta particular que não deveria ser divulgada”, declarou o porta-voz adjunto do Vaticano, padre Ciro Benedettini.
A carta papal foi enviada em resposta ao pedido da escritora para ler seus muitos livros, censurado na Itália pelos conservadores católicos por defendem a chamada ideologia de gênero.
A escritora, autora de contos e fábulas em que descreve histórias de famílias homoparentais, vencedora do prêmio internacional Anderson em 2012 por seu livro “Piccolo Uovo” (“Pequeno ovo”), divulgou a carta papal, marcada pelo tom tolerante do pontífice argentino.
Na carta, o Papa deseja que ela “continue a sua atividade frutífera” e se despede com a bênção apostólica “para toda a família” da escritora.
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“De nenhuma forma, a carta papal endossa o comportamento e ensinamentos que não correspondem ao Evangelho”, indica o Vaticano.
Pardi, fundadora da editora “Lo Stampatello”, também autora do livro “Piccola storia diz uma famiglia: perchè hai due mamme?” (“Pequena história de uma família. Por que tem duas mães?”) e “Piccolo Uovo” (“Pequeno ovo”), disse à AFP que “não quer se tornar um modelo”.
A escritora enviou em junho ao papa Francisco um pacote com todos os seus livros, fotos de família e panfletos insultuosos contra ela depois que o novo prefeito de Veneza anunciou que alguns de seus livros faziam parte da lista de textos a serem removidos das bibliotecas públicas.
Na carta, Francisco, um leitor apaixonado, também agradeceu por seu “gesto delicado” e pediu-lhe para seguir suas “atividades a serviço das jovens gerações e a difusão dos autênticos valores humanos e cristãos”.
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“Com esse gesto, nos mostrou respeito e nos deu dignidade”, disse Pardi, comovida.
“Para mim, não é tão importante o que diz o Papa, porque eu não sou católica. O que me parece importante é a atitude, de não colocar-nos contra a parede. O sentimento que pode haver diálogo”, acrescentou.
“Os livros se abrem, se leem, se criticam, mas não censuram”, insistiu.
* AFP