Na contemporaneidade a poesia extravasa os limites do papel, vai além do sentido da visão para despertar não apenas sensações, mas convidar o leitor a viver uma experiência sensorial, intuitiva. Poesia não é apenas letras em verso; poesia é forma, é arte, é sensação, cor e filosofia. Esta semana dois poetas catarinenses apresentam suas singulares maneiras de expressar sentimentos e ideias por meio da palavra / imagem. Marco Avila Ramos lança nesta terça-feira em Florianópolis a obra Sermos (Bernuncia Editora) e, na quinta, é a vez de Marco Vasques completar a Trilogia das Ruínas com o livro Anatomia da Pedra & Tsunamis (Redoma Editora).

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Embora diferentes em linguagem poética e conteúdo, os dois livros têm em comum a busca por questões essenciais do ser humano e a proposta de ser também uma viagem imagética e sensorial. Obras de qualidade e relevância artística e literária que mostram que poesia não está fora de moda e muito menos morta.

– Hoje a produção é tão boa quanto em outras épocas, mas num novo momento tecnológico. Acho que mais importante que a escolha formal ou modelo estético como caminho, o importante é se a poesia tem conteúdo e sensibilize o leitor – afirma Marco Vasques, que além de poeta é também cronista e crítico de teatro e literatura.

Retorno ao ser essencial

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O desenho da mandala que aparece logo nas primeiras páginas de Sermos, segundo livro de poesia de Marco Avila Ramos, veio à sua cabeça ainda antes das palavras poéticas brotarem. Há uns cinco anos o arquiteto estava de férias em Lages, sua terra natal, quando a imagem surgiu: sem saber nada sobre mandalas, foi buscar na literatura e na filosofia um fundamento para sua intuição.

O mote de Sermos é o retorno ao ser essencial. E à medida que Ramos desconstrói o desenho, ele explica o que cada parte representa com frases em prosa e poemas que conduzem o leitor por um caminho místico de autoconhecimento.

– Mas conforme as pessoas se aprofundam na própria essência, descobrem que essa essência é a mesma de todo mundo – afirma.

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Para ele, os poemas e desenhos são quase como subproduto ou expressão de uma constatação.

– Primeiro tive a constatação, depois veio a expressão. Como se descobrisse algo e encontrasse um jeito de compartilhar essa descoberta. Com o livro estou contando uma história.

Já em sua primeira obra, Ao Coração da Coxilha Rica, feito em parceria com o fotógrafo Philippe Arruda em 2006, a visão do ser essencial aparece. Ele destaca a amplitude geográfica da região serrana de Santa Catarina, que remete ao coração do homem e da própria terra.

A publicação foi contemplada com o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – 2013.

Sermos, de Marco Avila Ramos. Bernúncia Editora. 34 págs. R$ 35. Nos dias do lançamento será vendido a R$ 25.

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:: Agende-se

O quê: Lançamento do livro Sermos, de Marco Avila Ramos

Quando: Hoje, 19h, na Bianco Nero – Cioccolato, Caffè & Gelato do Beiramar Shopping (Rua Boacaiuva, 2.468, Centro, Florianópolis) e quinta-feira, 17h, no Mercado São Jorge (Rua Brejaúna, 43, Itacorubi, Florianópolis)

Quanto: Gratuito

Terremotos diários

Para Marco Vasques, o tema não é essencial na linguagem poética, mas a linguagem em si. Em seu novo livro de poemas, Anatomia da Pedra & Tsunamis, o terceiro da Trilogia das Ruínas, mantém o tom elegíaco das obras anteriores – Elegias Urbanas (Editora Bem-te-vi, 2005) e Flauta sem Boca (Editora Letras Contemporâneas, 2010) – e vem todo ilustrado com desenhos da artista joinvilense Carol Silva.

Se a sua poesia é capturada da relação com o cotidiano – como tudo na arte -, foi no dia 12 de janeiro de 2010, quando acordou e viu na TV as notícias do terremoto no Haiti que Vasques viu a possibilidade de terminar a série iniciada anos antes. Não que o terremoto tenha servido como fonte de inspiração, mas foi como um argumento para tocar em questões essenciais do ser humano, tão suscetível aos acidentes naturais da terra, mas também e principalmente aos terremotos internos.

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Na primeira parte, Anatomia da Pedra, Marco traz 21 poemas que tanto podem ser lidos como um só ou como vários poemas separados. Já na segunda parte, Tsunamis, também uma catástrofe natural, traz microcontos poéticos que trata de outros problemas do ser humano.

– Não entro em juízo moral, são só perguntas. A arte tem esse papel de apontar soluções, de tentar entender o ser humano. Vivemos num mundo duro, não apenas material. A gente acaba pasteurizando nossos sentimentos.

As ilustrações de Carol Silva complementam a experiência poética. Seus desenhos trazem a ideia da destruição com corpos dilacerados em razão do terremoto no Haiti, mas também dos terremotos diários, as desconstruções e destruições do corpo.

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Anatomia da Pedra & Tsunamis, de Marco Vasques. Redoma Editora. 72 págs. R$ 10. No lançamento, os 100 primeiros livros serão gratuitos.

:: Agende-se

O quê: Lançamento do livro Anatoma da Pedra & Tsunamis, de Marco Vasques

Quando: Quinta-feira, às 19h

Onde: Fundação Cultural Badesc (Rua Visconde Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis)

Quanto: Gratuito

Informações: (48) 3224-8846