Nos últimos 10 anos, o Catar se tornou ator indispensável no mundo esportivo. Mas o acúmulo de escândalos, especialmente sobre as condições da nomeação da Copa do Mundo de 2022, estão fragilizando o poder de influência do país que busca mais importância na geografia global.

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A investigação aberta nesta quinta-feira pela justiça suíça contra Nasser Al-Khelaïfi, presidente do Paris Saint-Germain e diretor da BeIn Media, é o capítulo mais recente.

A suspeita é que o emirado tenha feito “corrupção privada” na atribuição dos direitos de meios de comunicação de várias Copas do Mundo por meio da BeIn Media. A cumplicidade de Jerome Valcke, ex-secretário geral da Fifa e suspenso por 10 anos por outro caso de corrupção, também ajudou.

“Não se trata de um incidente isolado. É uma história viva que se construiu ao redor do Catar e da Fifa”, indicou Simon Chadwick, professor de economia do esporte na Universidade de Salford, perto de Manchester.

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A história começou no final de 2010, quando a Fifa escolheu o Catar como sede da Copa do Mundo de 2022. As condições que definiram a nomeação estão sendo investigadas pela justiça suíça.

Este Mundial se tornou uma dor de cabeça para a Fifa desde o início. A entidade precisou abandonar os tradicionais meses de junho e julho, quentes demais para realizar um evento no Catar, e programar o evento para novembro e dezembro de 2022.

Além disso, o país foi questionado por várias ONGs, por conta das condições de trabalho dos operários estrangeiros que estão construindo os novos estádios.

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Nos últimos 10 anos, o país rico em petróleo tentou compensar o pequeno tamanho com uma ativa diplomacia esportiva. Quase todos os grandes esportes vão organizar seus Mundiais no Catar até 2023: atletismo (2019), natação (2023), futebol (2022), ciclismo (2016) e handebol (2013).

– Imagem e reputação fragilizada –

No futebol, o Catar comprou o PSG em 2011. Em agosto de 2017, fez a contratação mais cara da história do esporte ao pagar 222 milhões de euros para tirar Neymar do Barcelona.

O Catar não pensa em frear a “estratégia de ocupação de terreno”, segundo o presidente de uma federação internacional. O grande objetivo é sediar os Jogos Olímpicos, segundo o mesmo dirigente.

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Doha já tentou sediar os eventos de 2016 e 2020. O Comitê Olímpico do Catar pode tentar de novo em 2032, já que Paris e Los Angeles foram nomeadas para 2024 e 2028, respectivamente, na primeira atribuição dupla da história.

Mas a vitrine da diplomacia esportiva ficou marcada pelos escândalos. Além disso, o Catar vive isolamento diplomático desde junho, depois da Arábia Saudita e outros países da região quebrarem relações por suposto apoio ao terrorismo.

“A imagem e a reputação, tanto do Catar quanto da região, estão sofrendo. Esta disputa reforça os prejuízos e os estereótipos que muitos têm em relação aos países do Golfo”, indicou Chadwick.

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“Parece um imperativo que todas as partes envolvidas encontrem uma solução rápida e consensual sobre o que danifica a imagem do futebol na região e sua reputação no mundo”, concluiu.

* AFP