Sabe aquele tomate que você não compra porque está muito maduro ou o mamão que fica na gôndola por não estar mais tão bonito? Em Brusque, no Médio Vale do Itajaí, um mercado começou a doar esses alimentos a quem precisa. A ação foi motivada para reduzir o desperdício e, de quebra, tentar amenizar a fome das pessoas em situação de pobreza na cidade. Segundo dados do governo federal, mais de 6 mil moradores do município vivem com menos de R$ 89 por mês.
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Desde o início deste outubro, diariamente, conforme a tarde avança, frutas, verduras e legumes com aspecto menos atrativo aos olhos dos clientes são separados e colocados num espaço especial, bem identificado para todos verem. Junto estão as plaquinhas: “Leve se precisar. Pense no próximo”.
A iniciativa é da empresária Bruna Carla Eccher. Ela conta que a loja não está numa comunidade muito carente, mas ainda assim alguns episódios chamaram a atenção.
— Vi algumas vezes clientes comprando somente, por exemplo, duas unidades de banana por falta de condição de levar mais e nós jogando fora o que poderia ser aproveitado por essas pessoas. Foi onde começou a surgir a ideia — explica a dona do mercado, que faz questão de avisar nas redes sociais quando mais alimentos são disponibilizados gratuitamente.
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Quem fica sabendo compartilha a informação até chegar a quem precisa.
Pobreza avança
Dados do Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal apontam um crescimento de 35,5% no número de pessoas vivendo em extrema pobreza em Brusque nos últimos dois anos. Enquanto em julho de 2019 eram 4.532 moradores, em julho de 2011 saltou para 6.141. São pessoas que vivem com R$ 89 por mês. Ou seja, menos de R$ 3 por dia.
O secretário de Desenvolvimento Social da cidade diz que o aumento é sentido nos atendimentos do dia a dia. Segundo Jocimar dos Santos de Lima, houve crescimento em todas as demandas assistenciais, desde o atendimento no Centro POP, passando pelo albergue, até a necessidade das famílias por cestas básicas.
Estas, aliás, a prefeitura de Brusque precisou fazer uma segunda compra. Com quase 12 mil kits básicos de alimentação entregues até a primeira quinzena de outubro, foi preciso lançar uma licitação para aquisição de mais 6,8 mil para conseguir fechar o ano. Isso sem contar a ajuda que muitas famílias recebem de ONGs e entidades.
O gestor relata que algumas das pessoas que chegam hoje à prefeitura em busca de ajuda nunca tinham precisado deste tipo de suporte para se manter, mas foram afetadas pela pandemia. Ele cita como exemplo o caso dos artistas, que passaram quase dois anos parados sem renda.
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— A gente espera que cada vez mais, com a dimuição de casos da Covid-1, possa voltar as atividades 100%, para as pessoas retomarem suas vidas normalmente, aqueles que perderam emprego, consigam uma nova colocação e possam ter o seu sustento —
almeja Lima.
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