Com um largo sorriso no rosto, os agricultores de Laurentino comemoram os resultados da utilização do pó de rocha de ardósia na plantação. Após ser triturado, o material encontrado no Alto Vale revitaliza e transfere minerais ao solo e aos alimentos. O uso do material tem mudado o dia a dia nas plantações de hortaliças, fumo, pêssego, milho e até de plantas ornamentais que aos poucos obtêm respostas distintas.

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Apesar de recente, a experiência de quase dois anos já é sucesso entre os produtores locais e está ligada diretamente à qualidade do produto. As plantas estão mais vistosas, têm um brilho que as difere – algumas já foram até confundidas com plantas artificiais por uma consumidora no mercado – e solos, antes improdutivos, voltaram a ter vida.

– A folha está mais lustrosa e dura mais tempo. O crescimento das folhas também é algo fora do comum. Terreno que não podia plantar, pois não dava nada, renovou – reforça Rosimere Aparecida da Silva Laurindo, que há seis anos cultiva hortaliças e alguns pés de maracujá no Morro do Tomio ao lado do marido Jozé Luis Laurindo e do filho Luis Otávio.

A família de Jozé Luis Laurindo também comemora a melhoria na colheita (Foto: Patrick Rodrigues, Agência RBS)

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O técnico da Epagri de Laurentino, Osnei Córdova Muniz, tem acompanhado os resultados do manuseio do pó de rocha na cidade e conta que 32 agricultores complementam o solo com o remineralizador.

– Fazemos este acompanhamento e notamos como cada solo reage, de acordo com suas especificidades e nutrientes. Outra coisa que notamos foi a redução do uso de agrotóxico e da adubação química. Já existe uma mudança no comportamento dos produtores que se preocupam cada vez mais com a saúde do solo.

Para o produtor do Morro do Caçador Tarcísio Gavioli, que trabalha com terra “desde que se conhece como gente”, o primeiro ano com o pó de rocha garantiu que quase nada da produção fosse perdida:

– Se o agricultor consegue colher 90% do que plantou é como se fosse 100%, e foi isso que aconteceu no ano passado. Quase não tive perda na área e as plantas cresceram muito mais do que nos anos anteriores. Teve o mesmo padrão – comemora.

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Tarcísio está feliz com as mudanças no solo, resultado do uso do pó de rocha (Foto: Patrick Rodrigues, Agência RBS)

Ainda não há estudos que apontem o impacto na receita da economia local ou dados precisos de aumento de produtividade em função do uso do pó de rocha nas plantações.

Produtividade das arrozeiras chamou a atenção

O pó de rocha não é novidade na região. Em Trombudo Central ele é retirado há anos, mas só há oito a substância começou a ser usada na agricultura – pela solubilidade da rocha e pelos elementos químicos que ela contém (silício, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e outro micronutrientes). Espalhados, eles recuperam a fertilidade do solo.

A pesquisa feita pelo biólogo Bernardo Knapik – que estuda há três décadas os benefícios do pó de rocha, principalmente do basalto (de origem vulcânica e comum no Planalto de SC) – começou após o especialista observar a região, rica em florestas e com uma colheita de arroz farta:

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– Acreditamos que a ardósia de Trombudo Central, presente no Rio Trombudo que abastece a região, é a responsável pela produtividade das arrozeiras de Agronômica. As pesquisas mostram que o pó não melhora apenas o solo, mas também agrega valor nutricional ao produto final. O resultado tem sido surpreendente, mas ainda é preciso fazer mais análises na região.

Pedreira Castelinho, em Trombudo Central (Foto: Patrick Rodrigues, Agência RBS)

O material que antes era descartado ou virava cimento após sair da Pedreira Castelinho agora tem procura constante. O proprietário Carlos Marcellos (foto acima) conta que não há reserva. Tudo que é produzido – são 30 toneladas por dia de pó de rocha – está vendido:

– Era material que iria fora. Quando a pedra quebra tem que ser descartada e agora usamos como benefício para o solo. Para ser usada na agricultura, a rocha é moída. Além de ecológica o custo é baixo ao consumidor: R$ 30 a tonelada.

O QUE É PÓ DE ROCHA?

* É um material fino extraído de rochas rico em nutrientes e que ajuda no cultivo de lavouras de todo o Brasil.

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* Ele é usado como mineralizador, uma alternativa para reduzir custos de produção da agricultura e diminuir ou acabar com a dependência de insumos importados.

* O uso da substância é defendido há décadas por especialistas, mas somente em abril deste ano o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) normatizou a produção, o registro e o comércio dos remineralizadores.

* Apesar de ter resultados surpreendentes em diversas áreas da agricultura, a aplicação do material é defendida como complemento na otimização do solo.