Permanece apreendido o adolescente de 16 anos que, segundo as investigações da Polícia Civil, teria ajudado o colega a se matar no banheiro do Instituto Federal, em Sombrio, no Sul do Estado. O Ministério Público do Estado pode apresentar pedido para internação provisória do jovem, por no máximo 45 dias. A promotora Elizandra Porto, da 2ª promotoria de Justiça de Sombrio, disse por meio de sua assessoria que não vai comentar o caso.

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Segundo o delegado da Polícia Civil Luis Otávio Pohlmann, o adolescente de 16 anos confessou ter ajudado na morte do colega. O caso foi registrado por volta de 14h de segunda-feira. A Polícia Civil de Sombrio ainda investiga o caso. O Instituto Geral de Perícias, em Florianópolis, analisa o material encontrado na seringa que teria sido usada pela vítima antes de morrer.

O Diário Catarinense conversou com o policial militar Lumertz, de Sombrio, que com mais dois colegas atendeu a ocorrência na tarde de segunda-feira. Confira a entrevista:

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Diário Catarinense – Por volta de que horas vocês chegaram na ocorrência e o que encontraram?

Soldado Lumertz – Um pouco antes das 14h chegamos na instituição. A vítima, já sem vida, estava caída no chão, dentro do banheiro para deficientes físicos, com a camisa levantada por conta da reanimação que foi feita pelos paramédicos. Ele estava com marcas de sufocamento no pescoço e do lado dele havia um moletom de cor cinza com manchas de sangue. Havia também uma seringa com algo que teria sido injetado nele. Ao lado do corpo havia também um cupom de supermercado da compra feita naquela manhã de um salgadinho e uma moeda de 10 centavos.

DC – E como estava o clima na escola?

Lumertz – Fizeram o isolamento e os alunos estavam nas salas de aula aguardando todo o procedimento.

DC – O senhor conversou com o outro jovem que estava no banheiro?

Lumertz – Ele estava na diretoria aguardando. Bem mais alto do que a vítima, estava apavorado e em estado de choque. Não sabia que o colega tinha ido a óbito e queria saber se ele havia sido reanimado. Depois começou a chorar porque sabia da gravidade da situação. Falou que a ideia era de que os dois se matariam. Disse que tentou colocar papel na boca. Uma das orientadoras disse que viu ele sair correndo para pedir ajuda e ainda tinha restos de papel na boca. No banheiro também tinha muito papel toalha pelo chão.

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DC – O que as pessoas comentaram na escola sobre o relacionamento dos dois?

Lumertz – As pessoas tentavam entender o que aconteceu. A impressão é que sabiam do relacionamento. Tinha relatos de bullying, que a família não aceitava o relacionamento e que em alguns momentos eles ficavam isolados na escola. Eles queriam cometer suicídio para viver para sempre juntos. A vítima, segundo os alunos, era mais introvertida e não costumava expor seus sentimentos. O outro era um pouco menos retraído.

DC – O senhor, como policial, já tinha passado por situação parecida?

Lumertz – Não, nunca. Até agora me pego pensando em tudo o que aconteceu lá.