O comandante-geral da Polícia Militar em Santa Catarina, coronel Nazareno Marcineiro, afirmou que está intensificando o setor de pesquisas na corporação.

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Essa é uma das maneiras que afirma ter encontrado para superar dificuldades como a falta de efetivo de PMs no Estado. A PM conta com 11 mil homens em SC. O déficit é de pelo menos cinco mil policiais.

A outra forma de superar o problema histórico é a aposta em tecnologia. Até o final do ano, o Estado terá 1,1 mil câmeras de monitoramento pelas ruas. O investimento do governo estadual e prefeituras é de R$ 9 milhões.

As estratégias para ampliar o desenvolvimento de ações humanas e materiais na defesa e segurança dominam as apresentações do 1º Seminário Internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Segurança Pública, em Florianópolis.

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Na manhã desta quinta-feira, o uso das capacidades das pessoas e o envolvimento do setor operacional com a tecnologia marcou a palestra de Leonor Hidalgo, coordenadora de gestão e tecnologia do Ministério da Defesa da Colômbia.

– Temos que fazer dos desafios oportunidades, desde que o talento humano esteja centrado no lado engenhoso, comprometido e treinado – ressaltou Leonor.

Raul Salazar, coordenador da Estratégia Internacional de Redução de Riscos e Desastres da Organização das Nações Unidas (ONU), discorreu sobre os impactos dos desastres naturais nos países e as medidas para redução de riscos.

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O seminário é promovido pela Polícia Militar de SC e a Universidade Federal de SC, na Fiesc, no Itacorubi, e vai até sexta-feira.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista do coronel Nazareno Marcineiro à reportagem, concedida no intervalo das apresentações:

Diário Catarinense – Qual a importância dessa discussão de tecnologia nas áreas de defesa e segurança?

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Nazareno Marcineiro – Às vezes as pessoas fazem um pouco de confusão entre defesa e segurança. A defesa, que cuida da salvaguarda da fronteira e da soberania nacional, trabalha com perspectiva de inimigos. E a segurança cuida da paz social e não tem inimigos, tem atos e atitudes a coibir.

DC – E da tecnologia prestando serviço para a segurança?

Nazareno – É fundamental para a segurança. Nós não temos como colocar um policial em cada esquina. Então temos que desenvolver tecnologia que permita uma abrangência maior para esse policial, para que menos policiais consigam fazer o serviço quanto necessário.

DC – Na PM há recursos e pessoal suficientes para pesquisa?

Nazareno – Temos, mas precisamos investir mais. A quantidade que temos é pequena para a demanda que se tem em segurança pública. A segurança pública no Brasil é muito pouco estudada, precisa de muitos trabalhos e tanto antes quanto depois da formação na academia.

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DC – Não seria ideal investir diretamente à sociedade com essa pesquisa?

Nazareno – Para os tempos em que estamos vivendo, precisamos entender melhor qual é a necessidade, que está muito pouco clara. Porque não se tem a noção clara do nosso papel social, quais os materiais, os métodos que são necessários para fazer o seu papel.

DC – Haverá ampliação da área de estudos da PM?

Nazareno – Temos. O nosso centro de ensino da PM congrega ali diversos cursos, desde para soldado a curso superior de polícia. A ideia é fazer que cada um desses cursos desenvolvam pesquisas sobre alguma coisa. Hoje já se faz monografia, trabalho de curso, mas é tudo muito para prestar contas ao sistema de ensino. É tudo muito para cumprir tabela. Por isso tenho estimulado esse grupo de pesquisação, uma expressão que significa pesquisar o ato em concreto. Essa orientação vai permitir o desenvolvimento de coisas muito úteis para as pessoas e a sociedade.