Três dias depois de um morador de 56 anos ser torturado e expulso do bairro Saco Grande, em Florianópolis, as polícias Militar e Civil fizeram uma operação na tarde desta sexta-feira no local e prenderam um dos suspeitos pelo crime.

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A ação foi em duas comunidades conhecidas da região que são dominadas por traficantes: o Morro do Caju e a Pedra de Listras.

Segundo o delegado da Delegacia de Combate às Drogas (Decod), Attilio Guaspari Filho, o suspeito preso pelo crime é Paulo Antonio Homem Júnior, 18 anos, que foi reconhecido pela vítima e teve a prisão temporária decretada pela Justiça.

Ainda conforme o delegado, a polícia pedirá a sua prisão preventiva e irá indiciá-lo por tentativa de homicídio. O preso nega o crime e afirmou que não conhecia a vítima. O Diário Catarinense não teve acesso a ele nem ao seu advogado.

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A operação começou no meio da tarde e envolveu policiais militares do policiamento ostensivo, motociclistas, Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) e do Choque. Pela Polícia Civil, atuaram policiais da Decod e 5ª Delegacia de Polícia. Barreiras e abordagens foram realizadas nas ruas principais e vielas.

O caso de tortura registrado na madrugada da última terça-feira chocou e espalhou medo nas comunidades.

A vítima, um homem de 56 anos que morava havia oito anos no Morro do Caju, teve os dentes arrancados com alicate, uma orelha cortada e sofreu agressões físicas por todo o corpo. Os criminosos a abandonaram embaixo do viaduto do Cacupé, na SC-401.

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O crime seguirá sendo investigado por policiais da Decod e a prisão de todos os responsáveis é considerada prioridade pela segurança pública. A motivação das agressões ainda é desconhecida, mas a polícia afirma que todos os autores estão envolvidos com o tráfico de drogas.

— Foi um crime bárbaro. Eles abandonaram a vítima em outro local, o que nos leva a crer que acharam que a haviam matado — suspeita o delegado.

Tráfico espalha terror a moradores

O Diário Catarinense circulou nas comunidades em que a PM agiu, nesta tarde. Moradores disseram à reportagem que líderes do tráfico de drogas estão impondo medo, principalmente a adolescentes. A lei do silêncio impera para que ninguém forneça informações sobre o crime de tortura praticado na terça.

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O morador expulso cuidaria de quitinetes no Caju e teria se recusado a deixar a casa a mando de traficantes. Ainda não se sabe o motivo pelo qual ele foi espancado. Uma das suspeitas é que teria reclamado do barulho feito por jovens ligados ao tráfico, mas a polícia não confirma. A vítima já deixou o hospital.

— Essa operação já faz parte da nossa rotina em áreas críticas, mas vamos intensificar ainda mais. O local é de difícil acesso, os traficantes têm visão quando a viatura se aproxima já na SC-401 e fogem pelo mato — disse o comandante do 4º Batalhão da PM, tenente-coronel Marcelo Pontes, prometendo que as operações policiais vão continuar nos próximos dias no Saco Grande.