O oficial da Polícia Militar detido na manhã desta terça-feira, durante uma coletiva da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, deixou o prédio da Polícia Civil às 19h30 desta terça-feira. O tenente Paulo Renato Farias saiu na companhia do corregedor-geral da PM em SC, coronel José Aroldo Schlichting, e foi levado sem algemas até uma viatura.

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Comandante da PM na cidade de São João Batista, o tenente passará a noite sob custódia da própria corporação em um batalhão em Balneário Camboriú. Nesta quarta-feira, ele será levado de volta até Florianópolis, onde participa de uma audiência de custódia às 14 horas.

Paulo Renato Farias compareceu à paisana na sede da Deic e acabou detido antes do começo de uma entrevista coletiva, no saguão da delegacia, após discutir com policiais civis. Farias queria se manifestar na entrevista coletiva, mas foi impedido. Em meio à confusão, delegados levaram o oficial até uma sala e chegaram a pedir uma algema.

A reportagem apurou que o tenente estaria descontente pelo fato de a PM não ter sido avisada previamente da operação em São João Batista, na madrugada de sábado _ três assaltantes morreram em confronto e dois policiais civis ficaram feridos.

Segundo o advogado Noel Baratieri, que representa a Associação dos Oficiais Militares de Santa Catarina e atua na defesa do PM, a prisão ocorreu em flagrante, depois que o oficial se recusou a assinar um termo circunstanciado. Caso assinasse o documento, o oficial se comprometeria a comparecer numa audiência do Juizado Especial Criminal e seria liberado.

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—Ele não assinou por entender que estaria reconhecendo uma culpa que não tem. Ele veio na condição de civil para ouvir a entrevista e falar com os jornalistas. Houve excesso e abuso de autoridade por parte dos policiais civis, que o jogaram no chão e o algemaram. Disseram que ele teria fingido ser jornalista, mas isso não aconteceu — alega Baratieri.

A prisão teria ocorrido por desacato e desobediência. O advogado avalia se deve ajuizar um habeas corpus ainda nesta terça, para tentar a libertação do oficial, ou se aguarda até quarta-feira, pois há chances de que ele seja liberado após a audiência de custódia.

Comandante regional diz que episódio não desqualifica oficial

Procurado pela reportagem, o coronel Cláudio Roberto Koglin, comandante da 3ª RPM, que abrange a cidade de São João Batista, informou que o tenente Paulo Renato Farias deve continuar no comando da PM no município. No entendimento do coronel, o episódio não desqualifica a conduta do oficial. Até segunda ordem do comando-geral, diz o coronel, não deve haver mudanças.

A falta de comunicação prévia por parte da Polícia Civil na operação em São João Batista também foi criticada pelo comandante da 3ª RPM.

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– A ação colocou em risco não só os policiais civis como também os policiais militares – destacou o coronel.

Koglin informou ainda que buscaria conversar com o tenente assim que ele chegasse a Balneário Camboriú. À reportagem, o diretor da Deic, delegado Adriano Bini, afirmou que não se manifestaria sobre o caso.