O comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de São José, o tenente-coronel Eduardo Silva, negou que tenha havido abuso dos policiais militares durante a abordagem a uma festa de 15 anos que terminou com disparos de bala de borracha e spray de pimenta na madrugada deste domingo (12), no Centro Comunitário do bairro Bela Vista.

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Nesta segunda, a família da aniversariante afirmou que os policiais agiram com truculência durante a abordagem, que teria sido motivada por reclamações de som alto. No relato, eles afirmam ter sido vítimas de injúrias raciais e até mesmo de agressões físicas por parte dos PMs.

No entanto, segundo o tenente-coronel Eduardo Silva, os policiais fizeram “uso progressivo da força” depois de serem alvo de xingamentos e de agressões. Ele também disse que os responsáveis pela festa se negaram a diminuir o barulho.

— Recebemos mais de 10 ligações de vizinhos que reclamavam do volume. Fomos até o local, era uma ocorrência simples, mas as pessoas se recusaram a desligar o som e não apresentaram alvará de funcionamento. Os policiais começaram a ser xingados e agredidos. Por isso, deslocamos reforço. Daí os agentes fizeram uso progressivo da força para efetuar a prisão de duas pessoas por desacato e desobediência, além de apreender o aparelho de som — afirma.

O tenente-coronel Eduardo Silva também nega que os agentes tenham proferido injúrias raciais ou feito qualquer tipo de agressão verbal ou física. Ele afirma que toda a ocorrência foi filmada e que as imagens serão disponibilizadas para a Justiça. A reportagem não teve acesso às imagens.

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O comandante da PM de São José deu as declarações durante entrevista nesta terça-feira (14). Na segunda-feira, quando a denúncia da família veio à tona, ele não foi encontrado para comentar o assunto.

Denúncias da família

A versão dada pela família é diferente. Em entrevista nesta segunda, a mãe da aniversariante, de 32 anos, relatou que os policiais agiram com truculência desde o começo da abordagem. Ela disse que os PMs chamavam os convidados da festa de “pretos e sujos” e que ela própria foi agredida com chutes por um deles enquanto estava com a filha de seis anos. A mulher também relatou que a outra filha, a que comemorava o aniversário, também foi agredida por um policial enquanto estava caída no chão após sofrer uma convulsão.

Outra familiar, uma mulher de 38 anos, prima da aniversariante, afirmou que os policiais deixaram ao menos sete pessoas feridas por conta dos disparos de bala de borracha e disse que alguns dos agentes estavam sem identificação. A mulher também relatou que um dos PMs apontou uma arma para uma criança deficiente auditiva. A família registou um boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia da Capital, em Florianópolis, na tarde de domingo (12).

denúncia são josé
Adolescente mostra marcas na perna após ter sido atingida por balas de borracha (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação)

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