O clássico deste domingo entre Avaí e Figueirense, na Ressacada, pelo Campeonato Catarinense 2018 foi o primeiro com a venda de cerveja no estádio depois do retorno da comercialização da bebida aprovado na Assembleia Legislativa em dezembro do ano passado. Mesmo que não tenham sido registradas ocorrências graves, a Polícia Militar (PM) afirma que precisou conter desentendimentos entre as torcidas e tentativas de invasão nos espaços destinados a cada um dos lados.

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Para o comandante do 4º Batalhão da PM, tenente-coronel Marcelo Pontes, os atos representam efeitos da liberação da venda de cerveja nos estádios de futebol. Nesta segunda-feira, em entrevista ao DC, ele disse ter percebido uma alteração nos ânimos.

— Não foi só uma sentimento meu, mas também dos outros policiais que estavam no estádio. Havia mais agressividade, o comportamento foi diferente. Por isso foi mais trabalhoso para a PM — explicou Pontes.

Dois torcedores do Figueirense foram detidos e assinaram termos circunstanciados por terem agredido policiais militares que tentaram conter as invasões nos alambrados.

— O clássico é sempre um jogo complicado, mas esse foi mais complicado ainda. E essa é uma percepção que tenho a partir dos dois últimos anos que tenho acompanhado de perto os clássicos. Tivemos até mesmo copos de cerveja arremessados — relatou.

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As ocorrências atendidas pela PM serão registradas no relatório feito após as partidas e encaminhados para os órgãos de controle como o Ministério Público (MP) e a Justiça Desportiva. Na súmula da partida, a arbitragem não apontou alterações.

Clube e federação reagem à reclamações da PM

A assessoria jurídica do Avaí disse que não registrou problemas dentro do estádio. O advogado do clube, Sandro Barreto, afirma ter ficado sabendo de uma pequena confusão apenas na área externa do estádio, antes do início do jogo. Dentro, segundo ele, não houve ocorrência:

— Estou no clube há 20 anos e foi um dos clássicos mais tranquilos que já vi. A liberação das cervejas não teve qualquer ligação com qualquer situação. O jogo teve um empate aos 45 minutos, então é óbvio que pode ter exacerbação, mas é pela adrenalina, não por causa da cerveja.

A Federação Catarinense de Futebol (FCF) não foi informada de problemas dentro do estádio. O presidente da entidade, Rubens Angelotti, não esteve na Ressacada, mas conversou com assessores que foram ao jogo e eles não relataram ocorrências: “não sabemos nada de oficial da polícia”, disse.

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Em entrevista nesta segunda, o presidente da Associação de Clubes de Futebol Profissional de Santa Catarina (SC Clubes), Luiz Henrique Martins Ribeiro, garantiu que vai procurar a PM para entender o que ocorreu durante o jogo. Ele quer saber detalhes dos fatos:

— Tudo que acontece no estádio é culpa da cerveja? Temos que entender o relato da polícia, vamos fazer contato com a PM. Queremos melhorar. No clássico regional entre Tubarão e Criciúma teve venda de cerveja e não registramos problemas. Mas precisamos entender o cenário do que ocorreu em Florianópolis para rever o que pode ser feito. É difícil culpar única e exclusivamente a cerveja.

PM e Polícia Civil vão investigar faixa

As polícias Civis e Militar vão tentar identificar os responsáveis por fazer e estender uma faixa durante o jogo deste domingo na torcida do Figueirense. O material de cor branca foi estendido com uma ameaça: “A vida do x-9 é curta”. Na gíria da criminalidade, “x-9” é sinônimo de delator. A PM pretende fazer uma investigação para definir quem levou a faixa. Segundo Pontes, as imagens do estádio serão solicitadas para o Avaí.

— A gente vai apurar do que se trata. A faixa chama a atenção, pode ser uma grave ameaça — classificou o tenente-coronel.

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Já na Polícia Civil, o diretor da grande Florianópolis, Verdi Furlanetto, disse que, caso a investigação ainda não tenha sido aberta, pedirá à equipe da 2ª DP que apure o fato.