Karl Lagerfeld conjurou o espírito de Versalhes para a Chanel nesta terça-feira em uma glamourosa procissão de plumas, faux-tweed, fendas e renda.
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Sob a grande cúpula da sala de exibição do Grand Palais de Paris, modelos desfilaram sobre pedras de cascalho branco entre fontes e cercas de pedras negras trazendo um efeito de jardim invernal francês para mostrar a coleção prêt-à-porter da maison Chanel para o próximo verão.
A atriz inglesa Keira Knightley e as cantoras Lily Allen e Courtney Love estavam entre as celebridades na primeira fila do desfile, enquanto a trilha sonora contava com sucessos de Björk a Oasis em ritmo de orquestra sinfônica.
– É Versalhes. É a antiga França – disse o estilista no final do desfile.
As modelos usavam sandálias plataforma prateadas e douradas que se transformavam em ankle boots, com os cabelos presos em rabos de cavalo ou curtos e masculinizados.
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Os clássicos da maison Chanel estavam lá, mas sensuais e revisitados, como nas saias de faux-tweed, estampa que lembrava o famoso tweed de Chanel, em amarelo e rosa pink, ou em jaquetas combinadas a minishorts em preto, marfim ou verde limão.
Um vestido de linha navy, com inspiração nos marinheiros, foi usado sobre uma saia lápis que deixava a coxa da modelo, e até mais pele, completamente nua.
Plumas de avestruz decoravam jaquetas, a bainha de um vestido com efeito tweed ou até um look completo, da cabeça aos pés, em um vestido em tons rosados pastéis sem mangas esvoaçante aos passos da modelo.
Tanto os detalhes quanto as plumas, disse Lagerfeld, eram tributos ao enigmático filme de 1961 “Ano Passado em Marienbad”, filmado em parte no jardim de um chateau francês, para o qual Coco Chanel desenhou o figurino.
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Os tecidos para o dia ganharam um status áspero, com rasgos em jaquetas pretas e brancas, enquanto um vestido de rosa bebê tinha faixas de tecido criando a ilusão de papel rasgado.
O jeans skinny, muito justo do quadril aos tornozelos, marcou presença em mais uma temporada, também rasgado, criando pequenos buracos que mostravam um pouco de rosa pink e amarelo por baixo. A maquiagem tinha boca apagada em leves tons rosados contrastando com olhos muito marcados em sombra escura, quase enigmáticos. As bijuterias incluíam brincos muito compridos em tons degradê e as indefectíveis luvas, lembrando o próprio Lagerfeld, em tecido transparente.
– A moda muda, os tecidos mudam… isso é fascinante. Mas tem que existir um certo mistério na inovação – disse Lagerfeld aos jornalistas sobre o tweed trompe l’oeil, que criava uma ilusão ótica como se fosse um tweed verdadeiro, as fendas e outras peculiaridades do desfile.
Para a noite, a marca registrada da Chanel voltou com toda força, na presença da ex-garota propaganda da marca, Ines de la Fressange, fechando o desfile em um vestido preto de tiras e transparência, com um grande colar dourado.
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– Já vimos o bastante de russas de 15 anos – disse Lagerfeld em entrevista à AFP após o desfile. – A moda não deveria ser reservada a adolescentes.
Em uma direção totalmente oposta à Chanel, o espirituoso estilista Jean-Charles de Castelbajac transformou Paris em uma selva de história em quadrinhos.
Assistentes impecáveis e comissárias de bordo em ternos de lã preta com botões de metal brilhante e chapéus coloridos deram as boas-vindas ao voo da “Uber Tropical Linhas Aéreas”, ou UTA, de Castelbajac.
O branco foi o pano de fundo para a explosão de cores que se seguiu, como em uma saia lápis e uma blusa usadas com botas altas atadas nos tornozelos.
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As modelos usavam cabelos altos e encaracolados, combinados com enormes pulseiras de plástico ou grandes torres Eiffel coloridas como pingentes, enquanto os tecidos tinham tigres estampados. Frases e imagens da literatura que tinham a floresta como tema espocaram na coleção, incluindo o clássico Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupery.
Um caftã branco foi estampado com a capa do livro “Voo Noturno”, de Exupery, enquanto estampas africanas em azul e verde mostravam o personagem de desenhos animados “Gato Félix”.
“Este não é um vestido de noite” aparecia estampado em um vestido de cetim vermelho com fitas pretas.
– Minha inspiração é a vida, beleza divertida, tropicalismo – disse o estilista à AFP no final da apresentação. – É uma mistura de passado e modernidade, de autenticidade e karaokê – brincou Castelbajac. – É metafórico também, sobre a ideia de união das pessoas.
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Outras surpresas no desfile incluíam um top sem mangas feito de óculos de sol marrons, um vestido amarelo com a cara de um elefante estampada e uma modelo no final do desfile com um travesseiro de viagem em volta do pescoço.