O período de plantio da soja em Santa Catarina na safra de 2023/24 deverá ser alterado, conforme o Ministério da Agricultura (Mapa) indicou à bancada catarinense nesta quinta-feira (24). Uma portaria anterior da pasta, vinculada ao governo Lula (PT), desagradou produtores e autoridades no Estado ao limitar a semeadura uniformemente a 100 dias entre 21 de setembro e 29 de dezembro.

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A expectativa agora é de que o calendário seja regionalizado, ainda que o intervalo de tempo não seja necessariamente ampliado, para atender as diferenças da produção no estado.

A indicação da mudança foi dada pelo secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, aos deputados de Santa Catarina. A previsão é de que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, oficialize isso na próxima semana, ainda conforme foi divulgado por parlamentares catarinenses.

— O Ministério da Agricultura [Mapa] se sensibilizou com nosso apelo, entendendo que há peculiaridades regionais que precisam ser respeitadas. A Cidasc [órgão catarinense de defesa sanitária vegetal] vai consultar as entidades que representam os agricultores e apresentará uma sugestão de calendário, que será acatada pelo governo [Lula] — disse o deputado Rafael Pezenti (MDB).

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O NSC Total procurou o Mapa para confirmar se haverá a mudança, mas ainda não obteve retorno. Na última semana, no entanto, durante agenda em Brasília, o ministro Fávaro já havia adiantado a jornalistas publicamente que o calendário da soja seria ajustado para atender particularidades de cada estado.

Por que a mudança é importante para SC

Tradicionalmente, o calendário de semeadura em Santa Catarina se estende por 140 dias. Isso permite que pequenos agricultores adotem um arranjo produtivo de duas safras de verão, intercalando o plantio da soja com uma safrinha de feijão, tabaco ou milho para silagem, por exemplo.

Nas últimas duas safras, o período de semeadura em Santa Catarina se estendeu até 31 de janeiro de 2022 e 10 de fevereiro de 2023, tendo 140 e 142 dias, respectivamente.

Qual a razão de existir um calendário

O calendário do Mapa faz parte do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS), que, desde 2021, organiza o período em que os 21 estados produtores de soja do país poderão fazer o plantio. Nesse ano, todos eles tiveram esse intervalo limitado até aqui a 100 dias.

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O Mapa afirma que a redução atende a estudos da Embrapa: com o menor prazo de semeadura, a ideia é reduzir também a necessidade de aplicação de defensivos agrícolas no campo, o que diminui o risco de o fungo causador da ferrugem asiática da soja (de nome científico Phakopsora pachyrhizi) criar resistência a esses fungicidas, aos quais seria menos exposto.

A mesma doença, extremamente agressiva à soja, também exige que anualmente os estados adotem um período de vazio sanitário de ao menos 90 dias e anterior ao início da semeadura, em que também fica proibido o plantio do grão para reduzir a população do fungo no intervalo de entressafra.

Correção: a reportagem informava erroneamente que o prazo de plantio da soja em Santa Catarina será uniformemente ampliado para 140 dias, no entanto, a indicação recebida pela bancada catarinense é de que o calendário será alterado com a regionalização, e não necessariamente a ampliação.

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