Após a supersafra de grãos colhida neste ano escancarar outra vez as deficiências logísticas do país, o governo federal resolveu dar atenção especial para um dos maiores gargalos da infraestrutura no campo.
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Ancorada em R$ 136 bilhões anunciados para o Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014, a maior injeção de recursos da história, a presidente Dilma Rousseff ainda marcou o anúncio com uma frase entusiasmada e que relembrou um antigo slogan adotado no governo João Figueiredo, nos anos 1980 (compare as frases em destaque).
– Se forem gastos em todas as áreas previstas, não faltarão recursos. Nós iremos complementar. Gastem, e terão mais – garantiu Dilma.
Dilma Rousseff, tentando turbinar o uso dos recursos e deixar sua marca no campo
“Gastem, e terão mais.”
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Slogan do programa de incentivo à agricultura criado por Antônio Delfim Netto durante o governo de João Figueiredo, nos anos 1980.
“Plante que o João garante.”
Só para a armazenagem, nos próximos cinco anos serão destinados R$ 25 bilhões. Ao apostar na armazenagem do grão o governo atira em duas frentes: evita que a safra tenha de ir toda e imediatamente para a estrada e permite ao produtor vender com preços melhores. No pacote está previsto que a Companhia Nacional de Abastecimento aplicará R$ 500 milhões para modernizar e ampliar a sua capacidade. Dos 10 novos armazéns no país, um será em Estrela, no Vale do Taquari.
Atualmente, o Brasil está apto a estocar 144 milhões de toneladas de grãos, ante uma safra que deve chegar a 190 milhões em 2013/2014. Pelas estimativas do Ministério da Agricultura, só na próxima safra o país deve ampliar em 13 milhões de toneladas a capacidade de estocagem.
– Será possível estocar o grão e disputar melhores preços no mercado – avalia o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, calculando que o déficit gaúcho de armazenagem fique em torno de 4 milhões de toneladas.
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Superintendente do Banco do Brasil (BB) no Estado, Tarcísio Hubner calcula que, no Rio Grande do Sul, a instituição financiará até R$ 600 milhões em armazéns. Os gaúchos, estima o executivo, tomarão cerca de R$ 7 bilhões em crédito para investir, comercializar e custear a produção. A queixa mais contundente feita por entidades como a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, presidida pela senadora Kátia Abreu (PSD-TO), ficou no acesso aos financiamentos:
– Precisamos melhorar a eficiência na questão bancária e diminuir a burocracia. É difícil acessar esse crédito.
Os destaques do Plano Safra
R$ 97,6 bilhões para custeio e comercialização
R$ 38,4 bilhões para investimento
Taxas de juros ao ano
5,5% em média
4,5% para o médio produtor rural
5% para práticas sustentáveis
3,5% para aquisição de máquinas, equipamentos de irrigação e armazenagem
Programa de Sustentação de Investimento
R$ 6 bilhões para máquinas e equipamentos agrícolas
R$ 400 milhões para agricultura irrigada
Pronamp – médio produtor
R$ 13,2 bilhões
Os limites de empréstimo para custeio passaram de R$ 500 mil para R$ 600 mil
Os limites de empréstimo para investimento subiram de R$ 300 mil para R$ 350 mil
Limite de financiamento por produtor
Custeio: R$ 1 milhão
Comercialização: R$ 2 milhões
Seguro rural
R$ 700 milhões
Com subvenção de 60% do valor do prêmio: R$ 525 milhões
Com subvenção de 40% do valor do prêmio: R$ 175 milhões
Área assegurada: mais de 10 milhões de hectares
Armazéns privados
R$ 25 bilhões
Investimento nos próximos cinco anos. O financiamento poderá ser pago em 15 anos, com juros de 3,5% ao ano
Conab
R$ 350 milhões em 10 novos armazéns
R$ 150 milhões na reforma da estrutura
A capacidade de armazenagem, de 1,96 milhão, irá para 2,81 milhões de toneladas