Um cidadão que recebe R$ 1 mil por mês teria de trabalhar 100 mil anos para pagar as obras e intervenções necessárias para por fim às inundações e alagamentos na bacia do rio Cachoeira, na região central de Joinville.
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A comparação é absurda, mas dá uma noção do quanto caro é resolver o problema das cheias nesta região – acabar exigiria gastos fora da realidade. O custo é uma cifra de 12 dígitos (R$ 1.323.208.989,87).
O custo está no Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) da Bacia do Rio Cachoeira, uma série de estudos de 1,5 mil páginas que está servindo para a elaboração de uma política municipal de saneamento, drenagem e resíduos sólidos.
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O plano de ações tem de passar pela Câmara de Vereadores até 2014 e vai colocar regras e obrigações para que a drenagem da bacia não ocorra sem critérios, com pontes e galerias estreitas, por exemplo, às vezes mais pensadas para resolver problemas de trânsito do que de escoamento de chuvas.
Só as desapropriações – terrenos que a Prefeitura toma de particulares para obras e uma grande pedra no sapato do município, já que é ele que tem de bancá-las – representam 31% de todos os gastos previstos no PDDU. As obras em si, isto é, cimento, ferro, areia e a mão de obra, representam 51% dos custos.
Outros 18% são gastos com fiscalização das obras, demolição das existentes, transporte de materiais, entre outras etapas. Os percentuais tomam por base o total de R$ 1,29 bilhão (o valor de R$ 1,32 bilhão inclui obras em execução no rio Morro Alto, no América, que não está no PDDU porque já tinha estudos específicos).
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Região em volta do rio Jaguarão é a mais cara
A sub-bacia do rio Jaguarão é a que tem o maior custo para intervenções, boa parte por causa das desapropriações. De cada R$ 3 para drená-la, R$ 2 terão de ir para a compra de terrenos onde as obras serão feitas.
O que sobra vai para as obras e outros custos. O gráfico da página ao lado ajuda a dar ideia da representatividade do tipo de gasto no total de cada obra e o quanto cada uma irá consumir desse valor bilionário.
As desapropriações são caras por causa da ocupação da sub-bacia. Por cortar bairros antigos como Anita Garibaldi e Bucarein, o rio acabou estrangulado por casas, prédios, muros e galerias estreitas em épocas em que não existiam preocupação ambiental nem fiscalização e quando a impermeabilização era pequena.
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A obra individual mais cara do PDDU é a regularização do leito principal do rio Cachoeira, que nasce no Costa e Silva, corta o Centro e deságua na lagoa do Saguaçu.
O custo é de R$ 421,6 milhões, 58% voltados a obras como novas pontes, regularização de margens e dragagens. Essas intervenções podem ser feitas em partes, da foz às nascentes, até para ajudar as obras feitas nas sub-bacias a terem a vazão projetada.
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