A Prefeitura de Joinville finalizou o plano de inovação do município denominado Join Valley. O objetivo é traçar novas diretrizes para manter a cidade competitiva a longo prazo, mediante profunda alteração de sua matriz econômica atual.

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Sair da indústria tradicional intensiva em mão de obra (setores metalmecânico, têxtil, plástico e parte de tecnologia da informação) para segmentos mais contemporâneos e progressistas dos negócios, como biotecnologia; fármacos; TI em toda a sua dimensão; novos materiais; logística; economia verde; e economia criativa.

A sustentação financeira para que ideias e iniciativas não se percam no caminho se dará pela criação de um fundo de aval. A hipótese apresentada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Danilo Conti, sugere que para cada R$ 1 aportado, o banco financiador daria R$ 15 para possibilitar a continuidade e o crescimento do modelo proposto.

E ainda teria um fundo de equalização de juros para ajudar a compor a proposta do plano de inovação, com uma instituição financeira para garantir a operação do fundo.

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O fato é que o modelo econômico e de desenvolvimento atual de Joinville está acabando. Somos referências, sim, naquilo que fazemos em nossas empresas, mas até quando? E isso vai se sustentar por quanto tempo?

– Claro que esta transformação será gradual. O importante é que nós preparemos a cidade para daqui a 30 anos – diz o prefeito Udo Döhler.

Aumento da riqueza

Por ora, é um documento que procura levar a mensagem de que o debate sobre a Joinville que queremos começa agora. O que está claro é que a área de biotecnologia será determinante para o avanço nas diferentes áreas da saúde.

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Atividades autossustentáveis, focadas no conceito de economia verde, serão perseguidas. Agir para que a tecnologia sirva à melhoria de mobilidade é mais um dos focos prioritários do plano. Outro ponto essencial discriminado é o que trata da evolução nas atividades do grupo denominado internet das coisas. Na prática, conectar-se à rede e criar mais potencial e riqueza.

Conti avalia que, em poucas décadas, a transição permitirá maior PIB per capita, geração de valor significativo de modo a que Joinville supere os períodos críticos de um possível empobrecimento relativo, no caso de não se colocar de pé uma matriz nova no lugar das estruturas econômicas de hoje, fundadas no século passado, quando o Brasil mal se industrializava.

O exemplo mais dramático – e sempre repetido nas reuniões do corpo técnico que deram origem ao Join Valley -, é o da cidade americana de Detroit, afundada por não ter evitado os escombros depois que a indústria automobilística se desorganizou e ruiu.

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Em Joinville, a indústria já desempregou 12 mil pessoas desde 2014. Dez mil só no ano passado. Continuar como força principal da economia, sim, será um risco ao progresso. Por isso, o surgimento do plano de inovação vai na direção correta para moldar a economia e a sociedade locais e regionais, de modo que possam evoluir, antenadas com a utilização de tecnologias e produção contemporânea.

E, tanto quanto possível, geradores de mais riqueza e desenvolvimento. Em Joinville, outro polo a ser desenvolvido é o do segmento de TI, no qual startups serão difusoras de expansão de negócios inovadores e determinantes para serem úteis à sociedade, com ideias e vocações.

O Instituto Miguel Abuhab, a Softville e o Inovaparq, além de empresas e universidades, serão frentes que vão se somar ao projeto.

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Programa será dividido em três fases

No caso do ecossistema criativo, o município poderá se favorecer de negócios em nichos onde o predominante é a inteligência e a massa crítica para auxiliar na melhoria da qualidade de vida.

E, por força de seu potencial agregador, deste nicho se espera arrecadar somas importantes de ISS aos cofres municipais. Algo decisivo para dar impulso futuro ao caixa, visto que o sistema tributário reparte de maneira desigual o conjunto das receitas entre União, Estados e municípios.

O centro do novo modelo econômico inscrito no plano de inovação pensado pela equipe da Secretaria de Desenvolvimento se fundamenta em três fases: 1) democratização do acesso à internet; 2) estruturação de um ecossistema criativo; 3) montagem de um modelo de governança orientado e coparticipativo entre o poder público municipal, a academia e a iniciativa privada, amparado por auditoria independente a ser contratada para analisar o andamento das atividades.

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O Join Valley também terá o seu braço digital, no qual as pessoas poderão acessar o fundo e inserir suas ideias. E, numa etapa seguinte, será chamado grupo de investidores que tenham interesse em aplicar recursos nessas ideias nascentes.

A concepção do Join Valley ainda prevê a participação da sociedade na formulação de soluções para os problemas no que se chama Living Lab. Este laboratório de ideias para quem quiser contribuir estará sediado no Palacete Niemeyer, no Centro da cidade, onde a Secretaria de Desenvolvimento também passou a se instalar.

Propostas e temas vinculados ao que é a essência do plano de inovação serão captadas dentro do Living Lab, o qual se propõe a ser o ambiente para a discussão e difusão de ideias disruptivas.

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Apresentação no dia 29

A Prefeitura de Joinville vai apresentar o plano de inovação Join Valley em reunião da Acij no dia 29 de fevereiro. Tudo isso se insere na ideia de colocar Joinville no centro de grupo de municípios dotados de instrumentos para ser reconhecida como uma cidade humana e inteligente.

Prefeitos anteriores já apresentaram planos para desenvolver a cidade. Nos anos 1990, surgiu o Pensando Joinville,conjunto de anotações durante a gestão do então prefeito Wittich Freitag, apontando diretrizes do que era desejável para a cidade à época.

Mais tarde, nos anos 2000, sob a gestão de Marco Tebaldi, a consultoria carioca Pagnocelli montou um plano idealizado para dotar Joinville de instrumentos para dinamizar a economia e o planejamento urbano.

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