A intenção da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de fechar temporariamente a emergência infantil do Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, por conta da pandemia de coronavírus, gera preocupação entre médicos. A Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP) encaminhou ofício ao secretário André Motta Ribeiro e pede que o plano seja reconsiderado.

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Há cerca de 10 dias, Motta Ribeiro apresentou uma proposta aos prefeitos de cidades da região para transferir temporariamente os pronto-atendimentos de pediatria do Hospital Regional para UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) por um período de 90 dias.

A intenção, com isso, é ampliar temporariamente os leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) para pacientes com Covid-19. O plano também inclui a pediatria do Hospital Florianópolis.

Para a presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria, Rosamaria Medeiros e Silva, existe uma “preocupação muito grande” dos profissionais com a possibilidade, mesmo que o fechamento seja temporário.

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— Esse serviço é fundamental, pois é realizado em um hospital de alta complexidade e de localização estratégica, compatível com as necessidades das crianças e adolescentes que chegam à instituição em condições críticas, por enfermidades graves ou acidentes de diversas naturezas — diz.

De acordo com a SCP, apenas na emergência infantil do Hospital Regional são atendidas em média de 3 mil a 5 mil crianças e adolescentes por mês, de diferentes cidade da Grande Florianópolis. Somente em 2019, foram atendidas mais de 50 mil emergências e casos graves como acidentes, queimaduras, paradas cardiorrespiratórias, convulsões e politraumatismos. O local também é referência para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de abusos.

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Para o chefe da Emergência Pediátrica do Hospital Regional de São José, o médico Edson De Luca, o possível fechamento temporário do setor pode colocar em risco a população dessa faixa etária, principalmente a de famílias mais carentes, que terão dificuldades para se deslocar ao Hospital Infantil, em Florianópolis.

— Existe a ideia de que as prefeituras têm condições de atender a essas crianças, mas a gente vê que isso não é verdade. As UPAs não têm pediatras todos os dias, nem enfermagem gabaritada. Há casos graves, de emergência mesmo, que não podem esperar.

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A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para uma posição sobre o assunto. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria informou que ainda não há uma definição se as emergências pediátricas de fato serão temporariamente fechadas para ampliar o atendimento de pacientes com coronavírus.