Sob enorme risco e expectativa, o diretor inglês Rupert Wyatt aceitou reviver a franquia O Planeta do Macacos, que gerou um clássico da ficção científica, sucessos no cinema e na televisão e consolidou-se como como um marco na cultura pop. Para alívio dos fãs antigos, Planeta dos Macacos: A Origem chega às telas brasileiras, na próxima sexta-feira, honrando a mitologia da série e exibindo atrativos para seduzir uma nova geração de seguidores.

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Cineasta egresso da cena independente, Wyatt escapou das armadilhas que derrubaram o tarimbado Tim Burton, autor, em 2001, de uma decepcionante refilmagem do seminal O Planeta dos Macacos (1968). Na distopia futurista original, um astronauta (Charlton Heston) viaja até o futuro e descobre que a Terra foi devastada por uma guerra nuclear. E numa inversão da teoria da evolução embebida na crítica ao comportamento arrogante e beligerante do homem, este ficou sob o jugo de macacos inteligente e falantes.

Wyatt retoma a saga reinventando o argumento do quarto dos cinco filmes da cinessérie, A Conquista do Planeta dos Macacos (1972), que mostra o início da revolta comandada pelo chimpanzé César e o fim do reinado dos humanos sobre a Terra.

Na nova versão, ambientada em San Francisco, na costa oeste dos EUA, César (criado digitalmente sobre o corpo do ator Andy Serkis, o Gollum de O Senhor dos Anéis) é um bebê salvo do sacrifício pelo cientista Will (James Franco), que testa em primatas superinteligentes uma droga para combater a doença de Alzheimer, estimulando a regeneração das atividades cerebrais.

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Após um teste fracassado, a pesquisa é interrompida, mas Will decide usar a droga secretamente em seu pai (John Lithgow). Um incidente com um vizinho de Will, faz o superdotado César ser confinado em um abrigo para macacos, ambiente em que organiza sua feroz guerrilha – turbinada com doses da tal droga.

Se o ritmo frenético da ação, os efeitos visuais espetaculares e o clima de romance de Will com uma veterinária (Freida Pinto) estão em sintonia com o gosto das novas plateias, Planeta dos Macacos: A Origem preserva o tom do discurso que chama à reflexão. Espelha na beligerância entre homem e macaco e nas próprias relações de poder e subserviência que se dão entre chimpanzés, gorilas e orangotangos, as tensões – racial, política, religiosa – que seguem a convulsionar o mundo.

Em sua retomada da “macacomania” setentista, Planeta dos Macacos: A Origem presta vários tributos, na referência a Cornélius, pai de César na série original, e na citação de cenas e diálogos marcantes. Por ser uma rara incursão de Hollywood em uma matéria-prima de arquivo realizada de forma digna e inventiva, a nova saga merece ter a continuidade desenhada em seu desfecho.

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