O 7 de Setembro virou motivo de reuniões no Palácio do Planalto. Ressabiado pelas manifestações de junho, o governo monitora as redes sociais para evitar novas surpresas. Teme os efeitos de outra onda de protestos pelo país, capaz de gerar confrontos nas ruas e abalar a imagem em recuperação da presidente Dilma Rousseff.

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A inteligência do governo acompanha a movimentação virtual de diferentes grupos que convocam protestos, como a Operação 7 de Setembro (OP7). Inspirada pelos ativistas do Anonymous, no site oficial ou em páginas no Facebook, a operação conclama o povo a realizar no Dia da Independência “o maior protesto da história do Brasil”. Há manifestações previstas para 162 cidades – 10 em SC.

Na crise de junho, o governo Dilma atingiu os índices mais baixos de aprovação. Criticado pela inoperância à época, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) passou a monitorar sites como Facebook, Twitter e Instagram.

– A presidente deu uma segunda chance à inteligência. Todos sabem que, se o governo for surpreendido de novo, algumas cabeças vão rolar – relata um assessor do palácio.

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Pelo monitoramento, os protestos devem manter as reclamações sobre serviços públicos (transporte, saúde e educação) e gastos com a Copa do Mundo. A retomada do julgamento do mensalão vai reforçar o coro pela prisão dos condenados, e ainda existe o temor de críticas ao programa Mais Médicos, em especial à contratação do profissionais cubanos.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tenta desvendar o perfil dos organizadores dos atos, se a presidente Dilma é alvo dos protestos e a possível influência de organismo de extrema-direita ou partidos de oposição. Carvalho se reuniu com estudiosos dos movimentos sociais, como Maria da Gloria Gohn (Unicamp) e Leonardo Avritzer (UFMG).

Brasília é um local visto com potencial de confronto. O ato da OP7 está marcado para a manhã, junto com o desfile prestigiado pela presidente Dilma.

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– Não queremos confusão. Nossa ideia é expressar nossa opinião, mas sabemos como a polícia costuma reprimir as manifestações – afirma a universitária Thai Barbosa, que convocou o protesto pelo Facebook.

O protesto chegou a levantar a possibilidade de Dilma não acompanhar o desfile, já que ela participa em 5 e 6 de setembro da reunião de cúpula do G-20, na Rússia. No entanto, o staff avaliou que a ausência no Dia da Independência abalaria a imagem da petista. O Planalto confirma Dilma no desfile e, no mesmo dia, um pronunciamento à nação em cadeia de rádio e TV. A organização das manifestações garante que a presidente não é alvo.

– Nosso ato é contra corrupção, não contra Dilma ou partidos – diz Thai.