Em meio às dificuldades enfrentadas por comeriantes de diversos setores durante a pandemia de Covid-19, uma padaria e confeitaria de Florianópolis decidiu transformar os desafios em alegria e solidariedade. Mesmo autorizadas a funcionar direto, as padarias também precisaram se adaptar e o “cafézinho” da tarde não foi mais o mesmo para muitos.

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Essa diferença é vista de longe. Uma placa na frente de uma panificadora na Avenida Madre Benvenuta convida os clientes com menos condições financeiras a irem ao estabelecimento perto do horário de fechamento, pois os produtos que não são vendidos serão doados. A ideia é de Juliano Schneider, proprietário da Panífico, uma padaria que começou a funcionar em 2018 e já se tornou muito popular na região.

Com a proposta de servir cafés da manhã e brunchs, desde o começo da pandemia o empresário viu as cadeiras ficando vazias e a queda nas vendas. Ainda assim, ele não abandonou um propósito que carregou desde o início da sua trajetória: o trabalho social.

​— Desde a abertura da padaria, sempre ajudamos projetos sociais doando pães. Na pandemia, tivemos muitos dias de vendas que não pagavam nem o transporte. Tivemos que nos adaptar, alteramos o horário de funcionamento, fizemos escala de funcionários e produção. Ninguém estava preparado, somos uma empresa pequena, que estava saindo de um ano de inauguração, limpando dívidas. O que tem ajudado a manter o negócio na pandemia é a nossa teimosia – comenta Juliano.

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E mesmo em meio às dívidas e contas que não fecham, ele não deixou de tentar fazer uma boa ação. A ideia que tanto chamou a atenção nas redes sociais teve um motivo pessoal. Passando por um momento muito difícil, Juliano estava com o pai intubado na UTI, vindo a óbito logo depois. Para lidar com a perda, ele enxergava duas saídas: assumir a tristeza e se revoltar, ou tentar fazer o bem em meio à uma situação tão dramática. Foi aí que ele apresentou a proposta aos colaboradores e começou a corrente de doações.

— O retorno tem sido lindo de todas as partes: eu e meus funcionários altamente realizados pela ação, clientes (antigos e novos) comprando mais e mais pra poder ajudar, famílias vindo no fim do dia buscar produtos. Famílias de mãe, filha e neta, motoboys que estão na batalha o dia inteiro, enfim, gente que não pediria, não está acostumado a passar por tamanha adversidade, por isso fizemos questão de oferecer – conta Juliano.

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