A nomeação de um dos pivôs do esquema de corrupção no governo do Amapá foi acertada pelo presidente do Senado, José Sarney, em seu gabinete. Depoimento prestado à Polícia Federal no dia 26 de novembro do ano passado mostra que a escolha de Aldo Alves Ferreira para a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado teria tido interferência direta de Sarney.

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A nomeação de Aldo Ferreira foi, segundo o depoimento, realizada em pagamento a um favor prestado ao então governador do Amapá, Waldez Góes (PDT). O secretário foi preso na última sexta-feira durante a Operação Mãos Limpas ao desembarcar em Brasília.

Em seu gabinete, em Macapá, policiais apreenderam duas malas com R$ 540 mil em espécie. As investigações encontraram indícios de fraudes em licitação em contratos firmados pela secretaria. O assessor jurídico da secretaria, Luiz Mário Araújo de Lima, ouvido logo no início das investigações, relatou ter sido informado que a escolha de Aldo Ferreira foi decidida em reunião entre Sarney, o senador Gilvam Borges (PMDB) e a deputada Fátima Pelaes (PMDB).

Conforme o depoimento, Aldo Ferreira teria exigido o cargo como pagamento por um favor a Waldez Góes e sua mulher, Marília Góes. Aldo Ferreira teria eliminado de uma investigação da Polícia Federal qualquer menção sobre a participação de Góes e Marília num esquema de fraudes na compra de medicamentos e materiais médicos, descoberto em 2007. Naquela época, Aldo Ferreira estava na Superintendência da Polícia Federal no Estado.

As investigações levaram à prisão de dois ex-secretários de Saúde, deputados e empresários.

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Na reunião no gabinete de Sarney, conforme o depoimento de Lima, Gilvam Borges teria se posicionado contra a escolha do secretário “por entender que a exigência de Aldo era demasiada”. Sarney teria advertido o senador.

– Sarney o admoestou dizendo que quem estava precisando de favor eram eles e não Aldo – disse o assessor jurídico.

Aldo teria sido nomeado secretário nessa mesma reunião. Por meio de sua assessoria, Sarney negou que tenha se reunido com o grupo de parlamentares para discutir a nomeação de Aldo para a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá.

– Essa reunião nunca existiu – informou.

– O presidente não interferiu ou influiu na escolha do referido secretário ou de qualquer outro secretário de Estado do Amapá.

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As informações são do jornal O Estado de São Paulo.