A produção de tilápia em tanques-rede no lago da Hidrelétrica de Itá, no município de Concórdia, completou um ano em outubro e os 70 piscicultores envolvidos no projeto comemoram a produção de 150 toneladas no período. Esta é a única produção comercial de peixes em tanques desse tipo em toda a Bacia do Rio Uruguai.

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– É uma nova matriz econômica que está nascendo no Oeste, é o frango d?água – compara o secretário de Agricultura de Concórdia, Ruimar Scortegagna, já que a região é uma da maiores produtoras de aves do mundo.

A discussão para o início da produção de peixes começou logo após a formação do lago, em 2000. Mas somente em dezembro de 2011, após liberação do plano diretor e a autorização do Ministério da Pesca, foram adquiridos 48 tanques com recursos de R$ 200 mil do governo federal, mais uma contrapartida da prefeitura na organização da produção.

A unidade demonstrativa começou a criação com espécies nativas da região como o pintado e a piava. Mas o resultado não foi o esperado. Com a introdução da tilápia o retorno animou os trabalhadores do setor.

Desde então, associações de pescadores e piscicultores se uniram para formar uma cooperativa, que hoje reúne 70 associados. A própria cooperativa passou a construir tanques-rede de nove metros cúbicos baixando o custo de R$ 2,5 mil para R$ 1 mil. Em cada tanque podem ser colocados 2,5 mil a 2,8 mil alevinos.

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Atualmente são utilizados 148 tanques numa lâmina de água de 2 mil metros quadrados, sendo que 48 deles servem de berçário e cem para a produção.

Produção agrada ao mercado e gera renda

Mil quilos de peixe são retirados do lago por dia. A produção é vendida in natura ou transformada em filé, no frigorífico da cooperativa. O peixe vivo custa R$ 4 ao quilo e, o filé, R$ 18.

– A perspectiva é muito boa, pois mercado tem – diz um dos pescadores, Darlan dos Santos. Segundo ele, os pescadores que sobreviviam do Rio Uruguai passaram por dificuldades com a formação do lago, pois alguns peixes de corredeiras sumiram. Só agora eles estão retomando a renda.

Até o início do próximo ano a meta é chegar a 300 tanques com produção de 1,5 mil quilos por dia. Já foram solicitados 10 mil metros quadrados de lâmina de água do lago para cultivo ao Ministério da Aquicultura. Outros R$ 360 mil serão investidos num trapiche com espaço para visitantes.

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O que são tanques-rede?

Uma das modalidades de cultivo de peixes é o sistema de tanques-rede ou gaiolas. Trata-se de uma criação intensiva de alta produtividade.

Em geral são estruturas retangulares que flutuam na água e confinam peixes em seu interior. Esse equipamento é constituído basicamente por flutuadores (galões, bambu, isopor, canos de PVC, etc.) que sustentam submersos na água redes de náilon, plásticos perfurados, arames galvanizados revestidos com PVC ou ainda telas rígidas. O formato retangular permite a passagem e renovação de água, removendo os dejetos produzidos pelos peixes. Além disso, os tanques-rede são cobertos para prevenir a ação de predadores.

Fonte: Associação Brasileira de Piscicultores e Pesqueiros