Pisa, na Itália, tem mais a oferecer do que a famosa construção

Pisa vem sendo injustiçada ao longo dos anos. Só se fala e se mostra a torre inclinada, como se fosse o único objeto de uma cidade fundada um século antes de Cristo vir ao mundo. Um lugar com este tempo de existência, que variou entre o esplendor e a destruição por guerras, e onde habitou Galileu Galilei, não pode ter só uma torre para se visitar.

O país é tão exuberante que põe Pisa no segundo escalão das cidades italianas a serem visitadas. Na própria região da Toscana, a terra de Galileu não tem como competir com a magnífica Florença. Mesmo assim, vale uma voltinha a mais do que as tradicionais duas horas e meia que companhias de turismo reservam à cidade à beira-mar quando o roteiro a põe como passagem e parada para almoço.

No complexo onde está situada a torre inclinada, ela seria o terceiro dos três monumentos em ordem de beleza e importância. O principal é a catedral ( Duomo) e o segundo, o batistério. A ” sorte da torre” está num erro de engenharia, que a tornou famosa. Além de se falar que é o único ponto de visitação em Pisa, faz-se milhares de fotos do ângulo que dá a entender que o turista está segurando o prédio torto. A torre é uma belíssima obra de engenharia começada por volta de 1173, seguindo um desenho de Bonanno Pisano. Mas o terreno cedeu e Bonanno deixou o abacaxi para outro descascar.

O tempo passou, e a obra foi retomada em 1234 e deixada de lado novamente. A conclusão só ocorreu em 1359, com Tommaso Pisano. O grande mistério é saber como a torre não caiu até receber os reforços na base. E o grande fato é que, se a torre não fosse inclinada, Pisa não receberia tantos turistas.

Gosto é gosto, mas seguramente não vale a pena comprar uma passagem aérea para a Itália para conhecer a torre. Mesmo assim, Pisa deve estar incluída nos roteiros turísticos, pelo menos como passagem das excursões.

A torre está cercada por um muro medieval e se insere num contexto maior, o Campo dei Miracoli. A igreja, o batistério e a própria torre parecem uma renda de bilro, e o branco do mármore extraído na vizinha Carrara reflete grande luminosidade nos olhos do visitante logo que atravessa o portão do muro.

Além da torre inclinada Cidade onde Pedro desembarcou

Pisa é uma cidade à beira-mar cercada de montanhas que são jazidas de mármore branco. No inverno, os cumes desbastados para a extração do mineral confundem o visitante, que pensa se tratar de neve. A cidade tem uma das universidades mais importantes da Itália, onde lecionou o célebre matemático, filósofo e astrônomo Galileu ( século 17). Quem não lembra da inércia ou do movimento uniformemente acelerado? Saiu da cabeça de Galileu. Durante a 2 ª Guerra Mundial, a cidade foi submetida a diversos bombardeios, mas as obras foram restauradas.

A cidade de Pisa guarda alguns tesouros artísticos. Um deles é a Praça dei Cavalieri, construída sobre o antigo foro romano, o Museu Nacional San Mateo e a Igreja de Santa Maria da Espina, em estilo gótico. E, tratando-se de religião, Pisa tem uma importância capital para os cristãos. Teria sido no Porto de Pisa que Pedro, apóstolo de Jesus e primeiro Papa, desembarcou para pregar o Evangelho, seguindo daí para Roma.