Não há muito que argumentar, o placar de 7 a 1 amargou ainda mais o espumante Chandon Brut e murchou a pipoca. À beira do mar de Jurerê Intenacional, diante de três telões e duas televisões de 60 polegadas, os torcedores brasileiros acompanharam os únicos dois alemães presentes comemorarem sete vezes. Eles, é claro, bebiam cerveja.
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– Stella, porque não tem cerveja alemã – falou Adelbest Neuhaewer antes do primeiro gol.
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A lula dorê, as batadas fritas, o camarão à milanesa ficaram indigestos com o andamento da partida. Sobrou no prato dos dois casais Bruno Cardoso e Luisa Tremel e de Carlos Breda e Fernanda Varella. Mas os alemães Adelbest Neuhaewer e seu filho Konrad degustavam sua cerveja aos baldinhos no Restaurante Taikô.
– Nem nós acreditamos, está fácil demais – e Adelbest parava de falar para comemorar o quarto gol.
O que houve entre o primeiro e quarto passou rápido demais. Quatro, cinco. Lavada e foto para o Instagram. O genro e cunhado Raul Silveira apenas olhava desolado. Ele também bebia pouco. Estava quase pensando em pedir um whisky.
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Durante os 90 minutos de partida entre Brasil e Alemanha o momento mais alegre foi no intervalo, quando o DJ tirou a narração de Galvão Bueno e subiu o som. Ainda antes do fim do primeiro tempo, Leonardo Estácio sinalizava para o gerente que era melhor tirar o volume da televisão e colocar logo o ritmo de balada, já tradicional do local. Quinze minutos depois, todos retornaram para a tragédia real.
Os garçons giravam pelas mesas com as bandejas repletas de pipoca – que ficou claro ser o aperitivo indispensável em qualquer lugar ou situação do brasileiro. Sobre as mesas, redbulls aos baldes, vodkas Ciroc e caipirinhas – de kiwi e morango. No telão, quase à beira da praia, o Fred perdia mais um lance.
– Meu deus! Ele passa para o Fred. Chuta, sei lá – esbravejava Anderson Macuco.
Pobre de Diandra da Lima, comemorava 23 anos no dia de hoje. Acompanhada das amigas, que deram uma garrafa de tequila Jose Cuervo Prata de presente, elas já pensavam em outro lugar para encerrar, ou melhor, começar as comemorações. Exclusivamente do aniversário.
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Ao longo da partida, alguns já começavam a ir embora. Outros que chegaram atrasado, constatavam que nem ali o clima estava diferente e não entravam. Diferente de sábado, quando batemos o Chile, diferente de sexta-feira, quando superamos a Colômbia, essa terça-feira não teria festa.
Felizes mesmo, só Adelbest Neuhaewer e seu filho Konrad. Ainda tentei tirar um sarro e disse que apesar de perder a final ainda éramos pentacampeões. Ok. Eles riram da piada sem graça e desesperada. Agora era nossa hora de aprender com eles.
Em 2006, os dois estavam na cidade de Hannover, na Alemanha, e acompanharam a seleção germânica ser eliminada em casa para a Itália. Oito anos depois nos despacharam com goleada na nossa terra.
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– Naquele dia ficamos todos desapontados. Mas nos unimos novamente para torcer pelo terceiro lugar. Estávamos orgulhosos ainda assim. A Copa do Mundo foi uma grande festa em toda a Alemanha. Depois, nosso time mudou, e ainda era novo em 2010. Agora está maduro. Próxima Copa do Mundo pode dar Brasil – avalia Konrad.
Enquanto isso, sobe o som DJ. Até lá tem quatro anos, e algumas coisas não mudarão. Ainda haverá pipoca e Chandon à beira do mar.