Por muito pouco Luiz Mauricio da Silva Mendes não perdeu a parte inferior da perna direita no último domingo. O adolescente de 15 anos foi alimentar o cachorro da vizinha no bairro Fundos, em Biguaçu, quando viu uma linha de pipa presa a um mato. A curiosidade fez o jovem ir seguindo a linha para procurar o papagaio, quando um carro passou e levantou o fio, causando um corte profundo de fora a fora na parte de trás do joelho.
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A brincadeira no alto dos céus embeleza o cenário, mas o perigo é grande para quem solta e passa por perto das pipas com material cortante. A mãe do jovem, Célia Regina Silva, conta que o que atingiu o filho foi a linha chilena, produzida com pó de quartzo e óxido de alumínio, ainda mais cortante que o cerol:
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– Nós nunca deixamos ele soltar pipa com cerol ou essa linha chilena, mas não temos como controlar os outros. A ambulância levou ele para o hospital com rompimento de tendões e músculos, e estamos aguardando um exame para fazer a cirurgia. O médico já avisou que ele pode ter sequelas na movimentação da perna – lamenta.

Produtos são proibidos
Apesar de existir uma lei estadual (nº 11.698) proibindo a utilização de pipas ou similares equipadas com instrumentos cortantes, ainda é comum ver adolescentes e até adultos utilizando cerol e linha chilena. Os perigos vão desde cortes superficiais nos próprios pipeiros, além de pipas presas aos fios da rede elétrica e também casos de cortes em pescoços de motociclistas. Na tentativa de alertar os praticantes, as prefeituras de Florianópolis e Biguaçu já realizaram campanhas de conscientização.
O secretário de Planejamento de Biguaçu, Felipe Asmuz, explica que no munícipio a atuação é junto com a Polícia Militar para coibir:
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– Intensificamos a fiscalização em novembro de 2013 principalmente nos estabelecimentos que estavam vendendo este material, e também pedimos para os proprietários de grandes terrenos em que sabíamos que a prática era comum para cercarem e colocarem placas com a proibição. Diminuiu bastante o número de denúncias e atendimentos, mas o principal é a conscientização, os pais precisam alertar os filhos sobre o perigo – destaca.
Em Florianópolis, o professor da rede municipal e bombeiro voluntário Charles Schnorr coordena as ações de prevenção dentro das escolas. No mês de julho a Prefeitura realizou o evento “Pipa sem cerol também é legal”, que envolveu cerca de 1700 crianças. Em um evento realizado no Parque de Coqueiros, as famílias puderam aprender sobre a gravidade do uso de linhas cortantes:
– A linha chilena é ainda pior do que o cerol, pois conduz mais energia. Além dos cortes, acontecem acidentes de trânsito, quedas de lajes dos meninos que saem correndo para procurar a pipa que foi derrubada. Nas escolas mostramos até fotos fortes, mas conscientização tem que partir dos adultos – finaliza.
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Ajude você também
:: Para quem pedir ajuda:
Celesc: 0800 48 0120 (para retirar restos de pipas das linhas)
:: Para denunciar situações de risco
Guarda Municipal – 153
Polícia Militar – 190
A Guarda Municipal e a PM são orientadas a recolher pipas quando utilizadas com cerol.
Não é crime, mas dá multa
A lei estadual nº 11.698, de 8 de janeiro de 2001, proíbe a utilização de pipas ou similares equipadas com instrumentos cortantes e com linhas preparadas à base de produtos cortantes. Para o delito, está prevista uma multa. Se o infrator for menor de idade, o responsável pela criança ou jovem responderá pelo caso.