Santa Catarina encerra nesta quarta-feira, 31, o pior mês de toda a pandemia de coronavírus. Apenas em março ocorreram mais de 3,2 mil óbitos, a superlotação de leitos, iniciada em fevereiro, prosseguiu, a fila de espera por vagas na terapia intensiva cresceu e o número de casos ativos, em tratamento contra a covid-19, ainda é alto em todo o Estado.
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Esses fatores, aliado ao ritmo lento da vacinação, indicam que abril ainda será um mês desafiador para a saúde pública do Estado.
Média de 107 mortes diárias
Desde 1º de março, ocorreram 3.208 mortes por covid-19 em Santa Catarina, ainda no início da segunda quinzena, se tornou o mês com maior número de vidas perdidas em toda pandemia. A média é de 107 óbitos ocorrendo diariamente no Estado. Em 30 dias, em apenas 9 houve menos de uma centena de mortes.
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As mais de 3,2 mil mortes em somente em março equivalem a quase um terço de todas as registradas desde março do ano passado. O mais crítico até o momento foi o último dia 22 (veja no gráfico abaixo), quando 143 pessoas perderam a luta contra o coronavírus, média de 1 morte a cada 10 minutos.
O alto número de mortes fez crescer também numericamente a soma de vidas perdidas nas faixas etárias mais jovens. Com a confirmação do óbito de um menino de dois anos, de Videira, nesta terça-feira, sobe para 8 o total de crianças de 0 a 9 anos que foram vítimas da covid-19. Número sem precedentes na pandemia, que costuma provocar com mais frequência a morte de doentes com mais de 70 anos.

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Número de casos ativos dá sinais de queda, mas ainda é elevado
Também em março, o Estado atingiu o pico de 39.017 casos ativos, que estão simultaneamente em tratamento contra a covid-19 e são capazes de transmitir o coronavírus. Desde 13 de março, começou a registrar queda gradativa, apesar de oscilar alguns dias para cima. Nesta terça-feira, o total de ativos era de 26.756, 33% a menos do que no dia 13 (veja no gráfico abaixo).
Ainda assim, a queda é pequena para representar alívio no sistema de saúde e redução no número de mortes mais adiante. O índice atual está pouco abaixo do pico vivenciado em dezembro e é o dobro do ápice de agosto. Nos dois picos passados, a ocupação de UTIs já tinham alcançado pelo menos 90%, mas o Estado não tinha declarado colapso.
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Oeste reduziu volume de casos ativos, mas todas as demais regiões tiveram alta
A queda de casos ativos registrada em Santa Catarina foi causa principalmente pela redução observada no Oeste. Com medidas mais restritivas de circulação de pessoas, Chapecó e Xanxerê puxaram para baixo o índice da região.
O Oeste deixou de ser a primeira das seis grandes regiões com mais pessoas em tratamento contra a covid-19 e agora é a quarta (veja detalhes no gráfico abaixo), com 4.514. No entanto, as demais cinco regiões continuam com números elevados e muito parecidos. Elas apresentam estabilidade e dificuldades para reduzir o total de casos ativos.
Agora o Vale do Itajaí (5.776), o Planalto Norte (5.557) e a Grande Florianópolis (4.919), são as regiões com maior participação no total estadual de casos ativos. O Sul do Estado (4.333) também apresenta hoje números parecidos com os do Oeste.
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Fila de espera por UTIs tem ainda mais de 300 pessoas
Desde que o governo do Estado começou a divulgar diariamente a quantidade de pessoas na fila de espera por leitos de terapia intensiva (UTIs), em 3 de março, o número cresceu e não voltou para o patamar inicial. As filas foram resultado da superlotação dos leitos públicos e alguns privados no final de fevereiro, com o colapso do sistema de saúde.
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O então epicentro da crise era o Oeste, e de lá estava a maior participação na soma da fila estadual por leitos de UTI (veja em detalhes no gráfico abaixo). Na primeira semana de março, mais da metade dos pacientes da fila era do Oeste. Mas gradativamente a Grande Florianópolis, o Norte do Estado, o Sul e a Foz do Itajaí começaram a ter maior participação na fila.
Dos 390 pacientes do Oeste aguardando por UTIs vagas em 7 de março, o número caiu para 43 nesta terça-feira. Agora, o Planalto Norte tem a maior demanda: um em cada três pacientes na fila é de lá, e a pressão continua alta sobre o sistema hospitalar de todas as demais regiões.

Comportamento da pandemia e cenário para abril
As ondas anteriores registradas no Estado indicaram um comportamento típico da pandemia nas fases mais agudas. Quando há um pico de casos confirmados, leva-se em média mais 10 dias para que os leitos de UTIs comecem a encher. Então, em menos de uma semana, já se observa o crescimento acelerado no número óbitos diários.
Para abril, o desafio é contar a alta de casos ativos ao mesmo tempo que é preciso garantir leitos aos doentes com sintomas severos da covid-19. O número de casos ativos de 26 mil ainda é muito elevado, e parte desses pacientes podem precisar dos hospitais, já saturados, daqui a duas ou três semanas, caso os sintomas se agravem.
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A tendência é de seguir por mais algumas semanas esse cenário crítico. Ainda que caia o número de casos e mortes repentinamente no Estado, o sistema de saúde é o último a demonstrar alívio. Isso porque um paciente na UTI fica, em média, 14 dias internado.
Os dados completos por cidade estão disponíveis no Painel do Coronavírus.
Assista abaixo à animação que mostra a evolução de mortes por covid-19 em 12 meses nos municípios de SC desde o início da pandemia: