Na passagem pelo Estado para acompanhar a assinatura do acordo para a instalação da BMW em Santa Catarina, nesta segunda-feira pela manhã, o ministro Fernando Pimentel deu seu recado a políticos e empresários: o governo federal cria as condições, mas quem atrai os investimentos são os governos locais. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista:
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Qual a importância desse investimento para SC e para o Brasil?
Fernando Pimentel – Estamos, na verdade, anunciando o primeiro grande investimento fruto da política automotiva do governo, que é o Inovar-Auto. É a primeira fábrica da BMW na América Latina, que veio justamente para o Brasil e para Santa Catarina. É um momento importante, mostra que estamos no caminho certo. Desde o início do Inovar-Auto, já tivemos 37 empresas habilitadas. Dessas, oito anunciaram investimentos com fábricas novas ou com a expansão de fábricas já existentes, o que totaliza R$ 5,5 bilhões para os próximos quatro anos.
Qual o potencial de SC para receber outras montadoras?
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Pimentel – O potencial está demonstrado, não só pela BMW, mas também pela chinesa Sinotruk. E outras estão consultando o governo estadual sobre a possibilidade de instalar fábricas aqui. A vinda da BMW abre uma importante fronteira, porque é uma empresa de muita qualidade tecnológica e nível de excelência altíssimo que, ao escolher Santa Catarina, chancela o Estado como adequado para investimentos desse porte. As perspectivas são as mais promissoras para termos aqui, em breve, um novo polo automobilístico, mas com qualidade, com tecnologia de ponta.
Um ABC paulista?
Pimentel – Não sei se seria um ABC. Santa Catarina tende mais a ter indústrias de muito conteúdo tecnológico. Seria um segmento premium, mais especializado. São as empresas que vão determinar o que virá para cá. Mas com toda a certeza, o Estado está jogando o jogo das grandes empresas.
Há especulações sobre a vinda da Mercedes Benz e da Audi…
Pimentel – As duas estão em processo de habilitação no Inovar-Auto. A partir do momento que se habilitam no programa federal, começa a procura para negociar a localização. O governo federal cria as condições macroeconômicas, mas quem atrai o investimento são os governos locais, é o governo municipal e o estadual. Aqui, o Colombo deu uma demonstração muito eficiente do seu empenho, da capacidade do governo de Santa Catarina. Mas, com certeza, essas empresas vão fazer consultas e sondagens aqui em Santa Catarina também.
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DC – Houve um atraso de um ano no Inovar-Auto, após a alteração do IPI para carros importados. O que aconteceu?
Pimentel – Não houve atraso. Houve uma negociação muito longa, muito complexa com todo o setor. Não podemos montar um regime automotivo de uma hora para outra. Tivemos de fazer um longo processo de negociação com aqueles que já estão aqui e consultar aqueles que queriam vir, para construir um modelo em que coubesse todo mundo. Demorou? Sim, demorou o tempo necessário para fazer um bom modelo, que é esse que está aí. Um exemplo é a BMW chegando.
DC – Há a produção de muitos carros, mas há demora nos investimentos em rodovias. Qual a possibilidade de acelerar as obras?
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Pimentel – O que o governo fez agora foi colocar um grande programa de concessões para o setor privado. Nós estamos querendo colocar em funcionamento o quinto motor, que é o setor privado. E atraí-lo até mesmo para esse investimento, que é a estrutura logística. Acredito que o Brasil vai ter um grande surto de investimentos privados no setor de infraestrutura nos próximos anos.