Esta semana foram publicados na página do MCTI os mais recentes resultados com os testes da fosfoetanolamina. Infelizmente, os dados apresentados não foram muito animadores. O novo relatório produzido por pesquisadores do Laboratório de Oncologia Experimental, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, mostra que em modelos de tumores em ratos e camundongos, a fosfoetanolamina não teve nenhum efeito contra o câncer. Ao contrário de um quimioterápico controle, a ciclofosfamida, que foi capaz de reduzir os tumores nesses animais.
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Tumores reais
Diferentemente dos testes anteriores, que apenas avaliaram a fosfoetanolamina em células tumorais isoladas em tubos de ensaio, para saber se a substância tinha o chamado efeito citotóxico, nos testes atuais ela foi testada em tumores reais em animais vivos. Ratos inoculados com o carcinossarcoma 256 de Walker e camundongos inoculados com sarcoma 180 murino, desenvolvem rapidamente tumores que, por serem bem estudados, são também muito utilizados como modelos para se avaliar o potencial anticancerígeno de novas drogas. Esse modelos são chamados in vivo porque são realizados em um animal completo. Nesses testes, uma droga anticâncer tradicional, a ciclofosfamida, foi usada como comparativo. A fosfoetanolamina, mesmo em doses altas, não conseguiu reduzir os tumores desses animais, enquanto a ciclofosfamida reduziu bastante.
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Candidata improvável
Se essa substância fosse totalmente desconhecida, com os resultados obtidos até agora pelos testes pré-clínicos, ela provavelmente já teria sido abandonada como candidata a medicamento anticâncer. A diferença é que, nesse caso, a substância começou a ser testada informalmente em pessoas, antes desses testes pré-clínicos, e muitas dessas pessoas afirmam e demonstram melhora da doença. Em vista disso, e apesar desses novos resultados negativos, o médico e pesquisador responsável, Dr. Manoel Odorico de Moraes Filho, pondera que ainda não se pode dizer que a fosfoetanolamina não funcione em humanos. Somente os testes clínicos, que serão iniciados em agosto desse ano, poderão responder essa pergunta.
Conflito de informações
Até agora, nenhum dos testes em células cancerígenas ou em tumores em animais, realizados pelos laboratórios contratados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, confirmaram os resultados positivos que já foram recentemente publicados pelos inventores da fosfoetanolamina sintética. Esses pesquisadores, que patentearam a substância, mostraram que ela agiu de forma potente tanto em testes de citotoxicidade, como em vários tipos de tumores em animais de laboratório. Certamente, os estudos realizados por estes pesquisadores, que estão nos mais renomados centros de pesquisa no país, como a Universidade de São Paulo e o Instituto Butantan, foram realizados com grande rigor científico também.