Pois é, em certas situações é bem melhor tomar um analgésico diretamente na medula espinhal, do que pela veia ou simplesmente por via oral. Durante cirurgias, e até mesmo no parto, é comum o anestesista injetar morfina por via epidural ou raquidiana. Na via epidural a introdução da agulha é mais superficial, mas na raquidiana é mesmo dentro do canal da medula espinhal.

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O procedimento é muito vantajoso para o paciente, pois colocando o analgésico diretamente neste local, há grande alívio da dor, sem efeitos colaterais como enjoos, prisão de ventre, sonolência, queda de pressão, entre outros. Esses efeitos colaterais são mais comuns quando se usam opioides como a morfina por via sistêmica, isto é, quando tomada pela boca ou injetada na veia.

União faz a força

Porém, mesmo injetando na medula espinhal, alguns efeitos desagradáveis podem aparecer, como coceira na região do tronco e dificuldade para urinar. Esses efeitos diminuem se abaixarmos a dose do analgésico opioide, mas isso também reduz o efeito sobre a dor. Estudando formas de diminuir a dose do opioide, mas sem diminuir o efeito analgésico, um grupo de pesquisadores do Departamento de Farmacologia da UFSC conseguiu melhorar o efeito da morfina unindo um anti-alérgico comum no mercado, a cetirizina.

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O estudo ainda é em ratos, mas mostrou que a injeção espinhal de doses baixas de morfina juntamente com doses baixas de cetirizina, resulta em um efeito analgésico comparável a como se estivesse usando uma dose alta de morfina. Essa descoberta sugere que talvez em humanos a mesma combinação possa ser feita no futuro, diminuindo ou até eliminando aqueles efeitos colaterais.

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Anti-inflamatório também

O estudo foi feito em ratos com artrite e, além do efeito de diminuir a dor articular nesses animais, a combinação de morfina e cetirizina na medula espinhal, resultou em diminuição da inchaço das articulações. Ou seja, a combinação parece ter efeito anti-inflamatório também.

Muitos pacientes com inflamação crônica como a artrite precisam tomar muitos medicamentos e por tempo muito prolongado, o que acaba prejudicando o estômago, rins, pressão arterial e causando outros problemas. No futuro, pode ser que essas pessoas sejam beneficiadas por um tratamento aplicado na medula espinhal, evitando ou diminuindo bastante a quantidade de medicamentos que elas precisam tomar por via oral.

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Esse estudo foi publicado na revista científica Anesthesia and Analgesia.