A barreira sangue-cérebro

Continuando o assunto que começamos na Pílulas de Saber de 29/08/2016, quando os medicamentos chegam no sangue, eles vão se espalhar para o corpo todo, ou quase. Acontece que o sistema nervoso, isto é o cérebro e a medula espinhal, são protegidos por uma barreira que impede que certas substâncias atravessem de um lado para o outro.

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Chamada de barreira sangue-cérebro, ela dificulta, e as vezes impede, que medicamentos cheguem ao sistema nervoso. Por um lado isso pode ser bom, pois tem medicamentos que só precisam agir nos órgãos periféricos como coração, estômago, rins, etc. Porém, isso pode ser ruim quando nós queremos atingir um tumor no cérebro e um bom agente anticâncer que poderia ajudar, não consegue chegar no local por causa dessa barreira.

Os alvos

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Os medicamentos sempre produzem efeitos bons e ruins. Os bons são chamados de terapêuticos e os ruins de efeitos colaterais ou tóxicos. Assim, a decisão de tomar um medicamento é sempre baseada nos prós e contras. O que vale mais a pena, tomar o medicamento ou ficar com a doença? Os possíveis efeitos bons do medicamento compensam os efeitos ruins? Por exemplo, agentes anticâncer geralmente são muito tóxicos, porém se não tratarmos o câncer a pessoa sofrerá mais. Bons ou ruins, para os efeitos acontecerem o medicamento precisa se ligar a alvos no organismo. O problema é que geralmente estes alvos não estão apenas no local que desejamos tratar. O mesmo alvo costuma estar em diferentes órgãos.

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Atira no que viu, acerta o que não viu

Digamos que o paciente precise de um medicamento de diminua os batimentos do coração. Um exemplo de medicamento que faz isso é o propranolol, que tem como alvo os receptores beta-adrenérgicos no coração. Porém, esse medicamento atinge também receptores beta nos pulmões, podendo causar um ataque asmático em certas pessoas. Outro exemplo poderia ser o dos antialérgicos do tipo antihistamínicos H1. Eles diminuem uma reação alérgica, causada por picadas de insetos, sintomas da gripe, etc., porém também causam muita sonolência por atingirem os receptores H1 no cérebro. Medicamentos antidepressivos melhoram o humor por aumentarem uma substância química no cérebro chamada noradrenalina, porém esses medicamentos fazem o mesmo no coração e nos vasos sanguíneos, o que pode causar hipertensão arterial.