O piloto do avião da Voepass que caiu em Vinhedo no dia 9 de agosto, Danilo Santos Romano, alertou sobre uma suposta falha no sistema antigelo da aeronave antes do acidente. A informação foi relatada nesta sexta-feira (6) em entrevista coletiva por técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), que investiga o acidente.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

O relatório preliminar apresentado nesta sexta-feira indica que o copiloto da aeronave, Humberto de Campos Alencar e Silva, teria comentado sobre a existência de “bastante gelo” minutos antes do avião começar a cair.

O detector eletrônico de gelo também acendeu um alerta aos pilotos 16 minutos após a decolagem. A partir daí, eles acionaram o sistema antigelo, medida que foi tomada três vezes durante todo o voo. Ainda com base nas conversas, o Cenipa informou que é possível ouvir um único alarme na cabine e que, em seguida, os tripulantes teriam comentado sobre a ocorrência de uma falha no sistema. No entanto, segundo o Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno, chefe da Seção de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, essa suposta falha no sistema antigelo não teria sido confirmada no sistema de dados da aeronave.

— Existiram duas vezes nos gravadores de voo de voz. Em uma delas, o piloto comenta que houve falha no sistema de airframe [antigelo]. Na segunda delas, o copiloto comenta ‘bastante gelo’. Foram duas vezes que foi comentado durante o voo de 1h e 10 minutos sobre o gelo — explicou o tenente-coronel Paulo Mendes Froes, do Cenipa.

Continua depois da publicidade

A suspeita de formação de gelo no avião foi apontada dias após o acidente por especialistas. O Cenipa confirmou que a aeronave passou por rota de gelo severo, mas ressaltou que a aeronave estava apta para voar nessas condições.

O relatório do Cenipa ainda não indica qual foi a causa do acidente. O órgão ainda deve analisar mais elementos que podem esclarecer as razões da queda da aeronave da Voepass.

A trajetória do voo COO 2283

O voo COO 2283, da Voepass Linhas Aéreas, antiga Passaredo, saiu da cidade de Cascavel (PR) às 11h56 do dia 9 de agosto e tinha como destino o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo (SP). O pouso estava previsto para às 13h50, contudo a aeronave caiu em condomínio residencial na cidade de Vinhedo. O avião caiu em uma área de jardim e não atingiu nenhuma casa.

Estavam à bordo 62 pessoas, sendo quatro tripulantes e 58 passageiros. A aeronave fez uma curva brusca nos últimos momentos de sobrevoo e caiu cerca de 4 mil metros em um minuto, de acordo com os registros da plataforma de monitoramento de aeronaves Flightradar.

Continua depois da publicidade

O avião do modelo ATR 72-500 teria atingido 5 mil metros de altitude às 12h23, altura em que permaneceu até às 13h21, quando começou a perder altitude. A aeronave fez uma curva brusca às 13h22 e caiu para 1.250 metros.

O acidente aéreo foi o maior com número de vítimas em solo brasileiro desde 17 de julho de 2007, quando uma tragédia com aeronave da TAM deixou 199 mortos.

Fotos mostram como ficou aeronave após queda

62 pessoas à bordo morreram

Ao menos dois catarinenses morreram no acidente. Um deles é o engenheiro sanitaristas Paulo Henrique Silva Alves, de 41 anos, nascido em Florianópolis. Rafael Fernando dos Santos e a filha Liz Ibba dos Santos também estavam no voo COO 2283. Rafael tinha 41 anos e foi buscar a menina de 3 anos em Cascavel, onde ela morava com a mãe, para passarem juntos o Dia dos Pais.

Continua depois da publicidade

Uma força-tarefa da Polícia Técnico-Científica de São Paulo fez a identificação dos corpos das vítimas e constatou a causa da morte. De acordo com superintendente Claudinei Salomão em entrevista à Folha de S. Paulo, a maior parte das vítimas morreu de politraumatismo.

— A maior parte, sem dúvida nenhuma, foi por politrauma. E, consequentemente, com a explosão da aeronave, alguns foram atingidos pelas chamas. Então, temos uma porcentagem de cadáveres que têm uma carbonização parcial — afirmou.

Leia também

Ministro Silvio Almeida é demitido do governo Lula após denúncias de assédio sexual

Cenipa divulga relatório preliminar do acidente aéreo da Voepass em Vinhedo

Policial militar é investigado após denúncia de racismo e agressão contra aluno em escola de SC