Ainda sem pistas concretas sobre as causas da queda do jato Cessna 560XL prefixo PR-AFA, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) conseguiu retirar a caixa-preta da aeronave (fabricada em 2010) em meio aos destroços e contará com o apoio da Polícia Federal (PF) nas investigações.

Continua depois da publicidade

O objetivo do Cenipa é apurar os motivos técnicos, e o da PF, descobrir se houve imprudência, imperícia ou fatalidade. Segundo relatos de pilotos que estavam no aeroporto de Guarujá, onde o jato deveria aterrissar, uma das turbinas do avião pegou fogo logo após a aeronave arremeter em tentativa de pouso frustrado, por volta das 10h da última quarta-feira. Chovia fraco e estava nublado.

Leia todas as notícias sobre a morte de Eduardo Campos

Ex-governador de Pernambuco tinha 49 anos e cinco filhos

Continua depois da publicidade

Três possíveis motivos para o acidente que matou Campos

Jato que caiu e matou Campos teve problema elétrico em junho

Uma postagem recente no Facebook, feita pelo piloto Marcos Martins, que acompanhava Campos desde maio, levantou outra hipótese para a tragédia: o cansaço.

– Cansadaço, voar, voar e voar. E amanhã tem mais. Recife – escreveu Martins, na semana passada.

Entenda como ocorreu o acidente:

De alguma forma, o lamento do piloto refletia a dura rotina de deslocamentos da equipe de Campos nas últimas semanas. Do início oficial da campanha, em 6 de julho, até quarta-feira, o candidato percorreu mais de 36 mil quilômetros em quatro das cinco regiões do país.

Continua depois da publicidade

Foi o presidenciável que mais viajou, tanto em quilometragem como em número de cidades visitadas. Antes da largada da campanha, ele já percorria mais locais do que os adversários. Em abril, sua assessoria divulgou um plano, não concretizado, para levá-lo às 200 maiores cidades até junho.

De bico

Moradores disseram ter visto o avião a baixa altitude antes de cair de bico no solo. O impacto foi tão forte que apenas o trem de pouso e as turbinas foram localizados. O restante da aeronave, assim como os corpos, foram destroçados e se misturaram a ruínas de seis pequenos prédios do bairro Boqueirão.

Relembre momentos da trajetória de Eduardo Campos

Em 16 de junho, o mesmo avião havia tido falha elétrica em viagem de Eduardo Campos ao Paraná. Na ocasião, o presidenciável se deslocaria de Londrina para Maringá, mas precisou viajar de carro. O jato, registrado na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em nome da empresa AF Andrade Empreendimentos e Participações, de Ribeirão Preto (SP), foi mandado para conserto em Campinas (SP).

Continua depois da publicidade

No Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o Cessna PR-AFA está em situação regular e com todos os requisitos positivos para poder voar.

Quem era Eduardo Campos

Nascido em Recife (PE) em 1965, Eduardo Henrique Accioly Campos era o terceiro colocado na corrida presidencial, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Na última pesquisa feita pelo Ibope, o candidato do PSB tinha 9% das intenções de voto. Campos era neto e herdeiro político de um dos mais influentes líderes da esquerda nacional, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.

Casado há mais de 20 anos com a economista Renata Campos, o candidato deixa cinco filhos, com idades entre 21 anos e cinco meses. O mais novo, Miguel, que recebeu o nome em homenagem ao bisavô, nasceu em janeiro. Na época, Campos publicou uma mensagem em sua página oficial no Facebook em que diz que “Miguel, entre outras características que o fazem muito especial, chegou com a Síndrome de Down. Seja bem-vindo, querido Miguel. Como disse seu irmão, você chegou na família certa! Agora, todos nós vamos crescer com muito amor, sempre ao seu lado”.

Continua depois da publicidade

Jato com Eduardo Campos cai no litoral paulista:

Campos governou o Estado de Pernambuco por sete anos. Elegeu-se governador pela primeira vez em 2006, vencendo Mendonça Filho (PFL) no segundo turno, com 60% dos votos. Conquistou a reeleição quatro anos depois, com apoio do presidente Lula, em primeiro turno, com 82% dos votos. Em 2013, tendo em vista as eleições deste ano, o pernambucano, que era um dos principais aliados do PT em nível nacional, anunciou a aliança com o movimento Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, para lançar chapa independente e concorrer ao Planalto.

O início da carreira política de Campos se deu na Faculdade, seguindo os passos do avô e padrinho político: a militância política começou durante a faculdade de Economia, quando presidiu o diretório acadêmico do seu curso na Universidade Federal de Pernambuco. Ingressou no PSB em 1990, acompanhando Miguel Arraes, com quem trabalhava. Elegeu-se deputado estadual neste mesmo ano.

Em 1994, foi eleito deputado federal pela primeira vez. Reelegeu-se em 1998 e 2002. Entre 1995 e 1998, esteve licenciado do mandato para trabalhar como secretário estadual de Governo e depois da Fazenda no governo de Miguel Arraes.

Continua depois da publicidade

Uma das principais lideranças da base do governo Lula no Congresso, Campos foi chamado para comandar o Ministério de Ciência e Tecnologia e ficou no cargo entre 2004 e 2006. Em 2005, foi eleito presidente nacional do PSB, cargo que ocupava até sua morte.