Moradores de Garuva acordaram assustados na manhã desta quinta-feira. Por volta das 7 horas, uma aeronave agrícola caiu nas proximidades do Monte Crista, no Norte de Santa Catarina, enquanto fazia a pulverização de bananais da região.

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Por ser um lugar de difícil acesso, os helicópteros Arcanjo, dos Bombeiros Militares, e Águia, da Polícia Militar, foram acionados para efetuar as buscas. Após quase uma hora, os destroços foram localizados pelo Arcanjo, com o auxílio de moradores da região, em uma mata fechada.

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O piloto, José Artur Pinto Guimarães era o único tripulante e foi localizado ainda com vida pela equipe de resgate. O monomotor agrícola carregava uma mistura à base de óleo mineral, material defensivo utilizado contra as pragas das bananeiras.

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Silvenio Collin, 76 anos, vizinho do terreno onde avião se chocou, conta que enquanto tomava o café da manhã escutou um forte barulho vindo dos fundos da sua casa.

– Eu só ouvi um estrondo e depois mais nada. Eu fui perceber o que tinha acontecido quando vi que os vizinhos começaram a abrir o bananal procurando algo. Depois deu de sentir um cheiro forte de óleo – comenta.

O ex-presidente da Associação de Aviação Agrícola de Garuva, Rolf Rothbarth, 64 anos, conta que a aeronave pulverizou uma parte do bananal. Quando o piloto estava plainando no céu para arrumar a posição de voo e espalhar o restante do defensivo nas bananeiras, a aeronave desapareceu.

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Os moradores, acostumados a acompanhar a pulverização, ficaram espantados por não ouvirem mais o barulho do motor. Neste momento, se mobilizaram em grupos e, munidos com facões, entraram na mata abrindo espaço entre as folhagens para encontrar o Zeca, como o piloto era chamado pelos moradores.

Morador de Brusque, José trabalhava para uma empresa sediada em Luís Alves, no Vale do Itajaí. Para Arnaldo Pauli, 46 anos, amigo da vítima, o incidente foi uma fatalidade. Ele é dono da propriedade onde o avião foi localizado e nunca havia presenciado nada parecido naquela região.

– Na quarta-feira o Zeca estava sobrevoando a região das cachoeiras aqui em Garuva, fez algumas fotografias aéreas e mostrou pra mim, maravilhado. Ele fazia constantemente este serviço aqui, não dá pra acreditar que isso tenha acontecido – lamenta.

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Apesar da queda, o monomotor não explodiu. Se tivesse acontecido, ajudaria pelo menos na procura realizada pelos moradores, defende Arnaldo. No local, a vegetação é fechada e a fumaça auxiliaria a localizar os destroços. Embora sem muitas pistas do paradeiro do monomotor, o grupo continuou as buscas mesmo com a chegada dos bombeiros.

– A região do bananal é extensa e se houvesse sinal de fumaça seria mais fácil localizar os destroços. Quem sabe teríamos localizado o avião com mais rapidez – complementa.

Vítima foi encontrada ainda com vida

As buscas duraram quase uma hora, na terra e no ar. Os moradores foram os primeiros a avistar o avião e sinalizaram para o Arcanjo a localização correta. A aeronave estava cravada entre árvores, em uma área de morro. O helicóptero teve que pousar a 200 metros do local do acidente.

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O piloto já estava fora da aeronave quando foi localizado e, neste momento, estava consciente. Os primeiros atendimentos começaram a ser prestados pela equipe de resgate para estabilizar a vítima. Segundo informações do tenente Hugo Manfrin Dallossi, dos Bombeiros Militares, José estava com traumatismo craniano, fraturas em todos os membros e trauma torácico e abdominal.

Durante o atendimento, ele entrou em parada cardiorrespiratória devido à gravidade dos ferimentos. A equipe médica do Arcanjo trabalhou por cerca de uma hora para tentar reanimar a vítima. A morte foi registrada por volta das 9h30 desta quinta-feira.

Ainda de acordo com o tenente Manfrin, o trabalho do piloto de pulverização agrícola é de alto risco.

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– Este tipo de ocupação exige muita experiência do piloto. O avião precisa efetuar manobras arriscadas com voos rasantes próximos da mata. – explica o tenente.

José fazia a aplicação dos defensores na região do Monte Crista com regularidade. Em época de safra da banana, as aplicações do pesticida chegam a três ou quatro vezes na semana. As causas do acidente ainda não foram apuradas, para os moradores acreditam ter ocorrido alguma falha mecânica, já que o piloto era muito experiente.

O que disse a empresa

A reportagem entrou em contato com a empresa onde o piloto trabalhava. Uma funcionária, que não quis se identificar, informou que não pode se posicionar sobre o assunto, já que não responde legalmente pela empresa. Segundo ela, os proprietários estão providenciando os documentos legais e prestando o apoio necessário à família da vítima.

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