Uma nova pichação com símbolo e dizeres nazistas foi encontrada em um banheiro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, nesta terça-feira (1º). O caso é o quarto crime de apologia ao nazismo registrado em uma semana dentro do ambiente universitário.
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Na porta de um banheiro do Centro de Ciências da Saúde (CCS), no campus Trindade, uma pessoa desenhou uma suástica e ameaçou de morte um estudante de graduação judeu.
De acordo com um aluno da UFSC que preferiu não se identificar, ainda não se sabe a data em que a pichação foi realizada, mas ela foi vista apenas nesta terça-feira pela comunidade universitária.
— É a segunda escrita [nazista] encontrada em menos de um mês no Centro de Ciências da Saúde. E desta vez foi em um banheiro que fica em ambiente de grande circulação do centro — informou o graduando.
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Pichações de frases contra mulheres e incentivo ao estupro geram revolta na UFSC
Segundo o professor Fabricio de Souza Neves, diretor do CCS, foram tomadas as medidas para proteção do local e das possíveis vítimas. Ele também informou que acionaram a polícia, além de uma investigação interna.
A Polícia Civil disse que foi comunicada pelo Setor de Segurança e Inteligência da UFSC e está realizando a verificação de procedência das informações.
Na semana passada, a coordenação do centro também tomou conhecimento de uma outra pichação com símbolo nazista, encontrada em um banheiro pouco utilizado do CCS.
Contatada nesta terça, a UFSC reforçou seu posicionamento no qual afirma que “repudia toda e qualquer ação racista e que atente contra os direitos humanos e o patrimônio ético, científico e cultural da instituição”.
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Pichação nazista em banheiro da UFSC em Joinville revolta alunos
Pichações recorrentes
O caso de apologia ao nazismo desta terça-feira é o quarto em uma semana dentro dos ambientes da univerisidade. Além dos dois registros no CCS, frases contra mulheres, judeus e com incentivo ao crime de estupro foram encontrados no Centro de Ciência Jurídicas (CCJ) na terça-feira passada (24).
Três dias depois, na sexta-feira (27), outra manifestação criminosa foi encontrada no campus de Joinville. Além da suástica, haviam sido pichadas as palavras “maus jude”, que significam “rato judeu”, em alemão.
Estudantes presos por apologia ao nazismo
Os delitos de grupos neonazistas dentro da UFSC aumentaram depois que estudantes da universidade foram presos pela Polícia Civil em uma operação de combate à células nazistas no dia 20 de outubro.
UFSC solicita informações à polícia sobre alunos presos por nazismo
Quatro jovens, de 20 a 29 anos, foram presos em Florianópolis, Joinville e São José. Segundo o colunista Renato Igor, os estudantes são acadêmicos dos cursos de Letras, Direito e Engenharia.
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Segundo o delegado responsável pela investigação Arthur Lopes, na casa dos suspeitos foram achados símbolos ligados ao nazismo além de armas, munições e uma impressora 3D.
Os estudantes podem ser expulsos da instituição, de acordo com o Regime Disciplinar do Corpo Discente. Os casos, no âmbito da UFSC, serão tratados individualmente.
UFSC busca fortalecimento do combate ao racismo
Após a sequência de atos criminosos dentro da universidade, a instituição realizou uma audiência pública no auditório da Reitoria, nesta terça-feira (1º), para discutir uma proposta de Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional na UFSC.
UFSC vai avaliar punição a alunos presos por suspeita de nazismo
— É fundamental a redação e elaboração dessa política de combate ao racismo. Essa minuta que será apresentada e debatida teve a participação de diversos setores da sociedade, além da comunidade acadêmica, de movimentos sociais, em um trabalho conjunto para pensar todos os mecanismos de combate ao racismo, violências decorrentes de questões raciais — ressaltou a pró-reitora Leslie Chaves, da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proaf).
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Segundo a diretora de Ações Afirmativas e Equidade da UFSC, Marilise Sayão, a Política deve abordar as diferentes formas de enfrentar o racismo institucionalmente, com a previsão de monitoramento e avaliação permanente dessas ações. A minuta também orientará para como devem ser feitos os registros das denúncias de racismo e a caracterização do ato e prática de racismo. O acolhimento das vítimas será outra parte da ação da instituição a ser fortalecida e regulamentada.