João J. Martinelli
Presidente da Associação Empresarial de Joinville
Os jornais desta semana registraram com alguma notoriedade o fato de que, no último mês de julho, a produção de automóveis caiu 20,5% em relação ao mesmo período de 2013, representando o pior resultado desde o ano de 2007.
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Também as exportações foram significativamente inferiores, cerca de 36,7% menores, na comparação a igual período no ano passado, afetadas significativamente que foram pela deterioração da situação econômica da Argentina, um dos grandes importadores dos nossos automóveis.
O problema nesses dados é que seus efeitos vão muito além do fato de termos fabricado e vendido menos automóveis, mas também porque o setor automotivo é responsável por 13,3% do nosso PIB. Neste cenário, as empresas automotivas já começaram a fazer demissões e o PIB vai ladeira abaixo.
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Uma produção tão significativamente menor de veículos dá uma ideia muito interessante de como anda o cenário econômico neste momento. Isso porque fabricar menos automóveis significa consumir menos aço, em quantidade significativa, além de toda uma infinidade de itens que afetarão um grande contingente de empresas.
Não precisamos ir muito longe para aferir essa redução, já que há empresas em Joinville e no Norte do Estado que reduziram sua produção e vendas por conta desta retração.
Como um todo, a produção industrial vem caindo no País e nós ainda não estamos em condições de prescindir de um crescimento da atividade industrial. Milhões de empregos ainda dependem da indústria.
Continuamos entendendo e acreditando que é preciso estimular a indústria, dar condições de investir por meio da desoneração, seja dos custos financeiros, dos custos tributários ou trabalhistas. Da forma como está, nossas condições de competir com os demais países se tornam cada vez mais precárias.
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Aos que ainda não se deram conta, com as atuais taxas de juros, impostos, encargos trabalhistas, relações trabalhistas sob constante interferência e ingerência do Estado, onerando em demasia a cadeia produtiva, a palavra desindustrialização deixou de ser uma figura acadêmica para se transformar em indicador negativo.
Isso, por certo, influenciará de tal sorte que corremos o risco de fechar o ano com um PIB cujo crescimento, pífio, ocupará apenas a 18ª posição entre os 21 países da América do Sul. Ficará atrás inclusive do Haiti, correndo o risco de ser negativo. Eu, pelo menos, ficaria com vergonha.