O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve queda histórica de 4,1% em 2020 devido aos impactos da pandemia da Covid-19, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Essa foi a menor taxa da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996, superando a retração de 3,5% registrada em 2015. Nas séries anteriores, elaboradas pelo IBGE e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desde 1901, a maior queda havia sido em 1990 (-4,35%).
O PIB fechou o ano em R$ 7,4 trilhões em 2020. O PIB per capita também registrou a menor taxa da série histórica, alcançando R$ 35.172, com queda de 4,8% em termos reais.
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— O resultado é efeito da pandemia de Covid-19, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para controle da disseminação do vírus. Mesmo quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas permaneceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração — analisa a coordenadora de Contas Nacionaisdo do IBGE, Rebeca Palis.
Todos os setores apresentaram queda, com exceção da Agropecuária, que cresceu 2%. A Indústria (-3,5%) e os Serviços (-4,5%) apresentaram recuo. Somados, esses dois setores representam 95% da economia nacional.
Principais destaques do PIB em 2020
• Serviços: -4,5%
• Indústria: -3,5%
• Agropecuária: 2%
• Consumo das famílias: -5.5%
• Consumo do governo: -4,7%
• Investimentos: -0,8%
• Exportação: -1,8%
• Importação: -10,0%
• Construção civil: -7%
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Apesar do resultado negativo, especialista previam uma queda ainda maior. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam queda de 4,2% no acumulado do ano, o Ministério da Economia projetava queda de 4,5% e os economistas consultados pelo BC no boletim Focus chegaram a apontar contração de quase 7% durante o ano, mas as expectativas se tornaram menos negativas após o Congresso Nacional aprovar o auxílio emergencial e outras medidas de estímulo.
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Serviços foi o setor mais afetado em 2020
O setor mais afetado pela crise foi o “Serviços”, que representa cerca de dois terços do PIB. A pior variação negativa foi de “Outras atividades de serviços” (-12,1%). Transporte, armazenagem e correio (-9,2%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-4,7%), Comércio (-3,1%), e Informação e comunicação (-0,2%) também apresentaram quedas.
As únicas categorias que apresentaram avanço foram as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (4,0%) e as Atividades imobiliárias (2,5%).
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Os Serviços mais afetados foram aqueles que dependem do movimento de pessoas, como os segmentos de alimentação e alojamento, prejudicados pelo distanciamento social em virtude da pandemia da Covid-19.
— Os serviços prestados às famílias foram os mais afetados negativamente pelas restrições de funcionamento. A segunda maior queda ocorreu nos transportes, armazenagem e correio (-9,2%), principalmente o transporte de passageiros, atividade econômica também muito afetada pela pandemia — acrescenta Rebeca.
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Indústrias também apresentaram queda
Na Indústria (-3,5%), o destaque negativo foi o desempenho da atividade Construção (-7,0%) que voltou a cair este ano. A atividade das Indústrias de Transformação também recuou (-4,3%).
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A atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos teve variação negativa de 0,4% em relação a 2019. Apesar de as bandeiras tarifárias terem estado mais favoráveis em 2020, o isolamento social e a baixa atividade econômica foram decisivos para o resultado negativo. As Indústrias Extrativas, por sua vez, cresceram 1,3%, devido à alta na produção de petróleo e gás que compensou a queda da extração de minério de ferro.
Consumo das famílias e governo teve queda
Segundo o IBGE, o consumo das famílias teve o maior tombo já registrado na série histórica (-5,5%), explicado principalmente pela piora no mercado de trabalho e a necessidade de distanciamento social.
A queda no consumo do governo também foi recorde (-4,7%), devido ao fechamento de escolas, universidades, museus e parques ao longo do ano.
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4º trimestre teve recuperação em ritmo mais lento
O PIB cresceu 3,2% no 4º trimestre de 2020. A Indústria e os Serviços apresentaram variação positiva de 1,9% e 2,7%, respectivamente, e a Agropecuária recuou 0,5%. O índice apresentou recuos de 2,1% no primeiro trimestre, recorde negativo de 9,2% no segundo trimestre e avanço de 7,7% no terceiro semestre.
— Essa desaceleração é esperada porque crescemos sobre uma base muito alta, no terceiro trimestre (7,7%), após um recuo muito profundo no auge da pandemia, o segundo trimestre (-9,2%) — explica Rebeca Palis.
*Com informações de G1, Folhapress e IBGE e supervisão de Raquel Vieira
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