O crescimento da economia gaúcha, neste ano, deve ser superior ao da brasileira, que no terceiro trimestre de 2013 apresentou recuo de 0,5%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira. Isso se deve à importância do agronegócio na economia do Estado, afirma o professor de economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernando Ferrari Filho. Os dados oficiais do PIB gaúcho do terceiro trimestre serão anunciados no próximo dia 10, pela Fundação Estadual de Estatística (FEE).
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Ferrari lembra que as exportações gaúchas crescem alicerçadas em commodities, como a soja, e o setor agrícola no Estado teve um desempenho melhor do que o verificado em nível nacional. Para o também professor de economia da UFRGS, Marcelo Portugal, esse crescimento, porém, é irregular e baseado em um ano de 2012 muito ruim:
– O PIB (Produto Interno Bruto) gaúcho deve crescer quase três vezes mais do que o nacional, mas isso é centrado na sorte, em São Pedro. São Pedro foi muito malvado no ano passado e muito bonzinho em 2013. O Rio Grande do Sul vai colher quase 29 milhões de toneladas de grãos esse ano. No ano passado, foram 21 milhões, só que em 2011 também foram quase 29 milhões. Do muito ruim para o normal, o crescimento é bom. Mas, no ano que vem, devemos voltar para a mediocridade – avalia.
Já a queda de 0,5% do PIB brasileiro no terceiro trimestre do ano não chega a ser surpresa para os especialistas, mas preocupa. O mau desempenho, puxado por um recuo de 3,5% da agropecuária, apresenta problemas estruturais do país, segundo Portugal:
– Alguns meses são ruins, outros são melhores. Às vezes, o culpado é o chuchu, em outras, somos salvos pela mandioca, mas o quadro de estagnação é maior do que isso, é de médio prazo.
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Mesmo que o dado mais chamativo seja o da queda da agropecuária, a estagnação da indústria (0,1%) também é preocupante, segundo o professor:
– Não é de agora que a economia brasileira patina. Desde o primeiro ano do governo Dilma (2011), tivemos um crescimento médio de cerca de 2%. Uma das razões é a estratégia deslocada adotada pelo governo, de tentar puxar a economia por meio do investimento público. A outra é a baixa produtividade da indústria brasileira, que só vai ser resolvida com investimentos a médio e longo prazo.
Para Ferrari, o crescimento no último trimestre do ano deve ser superior ao divulgado nesta terça. No terceiro trimestre, a alta do setor de comércio e serviços foi mínimo (0,1%), algo que deve mudar graças a datas como o Dia das Crianças e o Natal. O acumulado de 2013, porém, não deve passar dos 2,5%, segundo o professor.