Com avanço da atividade agropecuária e recuo no setor da indústria, o Produto Interno Bruto (PIB) teve um acanhado crescimento nos três primeiros meses de 2014: 0,2%. Divulgado na manhã desta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o índice é inferior ao registrado no trimestre anterior – quando o resultado foi de 0,4%. Para especialistas, o dado sinaliza o ano ruim para a economia brasileira.
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– Se compararmos todos os dados, estamos piores do que em 2013. Se o crescimento era pequeno, agora ficou anêmico – avalia o economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marcelo Portugal.
A mudança no mais recente resultado do PIB em relação a 2013 é a desaceleração da economia. Já a semelhança fica por conta do desempenho dos setores: a agropecuária é a responsável pelo maior avanço, enquanto em segundo lugar segue o ramo de serviços e, na lanterna, a indústria.
– É um resultado esperado. A discussão era se ele seria ruim ou muito ruim. Foi só ruim. Isso reflete, de certa forma, uma opção de política econômica do governo de achar que se consegue fazer a economia crescer dando estímulo à demanda e aumentando o gasto público. Essa ideia está errada porque a indústria não está conseguindo avançar. Precisamos de uma política que estimule a oferta, com melhorias na infraestrutura – defende Portugal.
Para o economista Fernando Ferrari, também professor da UFRGS, o resultado aponta que a economia brasileira está estagnada – e que assim deve se manter o cenário. Na última pesquisa Focus, economistas ouvidos pelo Banco Central estimaram que o Brasil, em 2014, deve crescer em marcha lenta, com avanço de apenas 1,63% – abaixo do crescimento revisto para o ano passado, de 2,5%.
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– O crescimento para 2014 não deve ser muito diferente e, eu diria, deve ser até pior do que em 2013. O resultado da indústria não é novidade porque o câmbio voltou a ter um processo de apreciação e a taxa de juros voltou a aumentar, o que é um entrave para a questão de investimentos. Esse quadro interno, aliado ao fato de que continuamos a ter uma lenta, assimétrica e instável recuperação da economia mundial, afeta a economia brasileira como um todo – avalia Ferrari.
O professor já prospecta mais adiante e diz que 2015, independente do candidato que vença as eleições presidenciais, deverá ser um ano de ajustes e, consequentemente, ainda de estagnação.
*Zero Hora