O dia 1º de março é marcado pelo aniversário do gênio Frédéric Chopin, que viveu entre 1810 e 1849, sendo reconhecido como um dos maiores compositores e pianistas da história. A influência dele, portanto, atravessa gerações. Em forma de crônica, a pianista e professora de música na Escola Bolshoi em Joinville, Semitha Cevallos, conta como Chopin a inspira em seus trabalhos.

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206 anos de Chopin

A música de Chopin é venerada, ensinada, tocada, estudada e respeitada como um dos patrimônios culturais mais importantes da Polônia. Eu tive o privilégio de ganhar uma bolsa de estudos para continuar minha formação nesse país e pude, durante seis anos, vivenciar no dia-a-dia a cultura musical na terra deste importante compositor.

Meu professor de piano era o reitor da universidade de música de Pozna?, um pianista renomado, que já havia ganho muitos prêmios e viajado o mundo todo como pianista do trio “Chopin”. Além disso, havia sido assistente da professora Halina Czerny Stefa?ska, a primeira mulher a vencer a competição de piano mais antiga do mundo, o Concurso Chopin. E eu, ao chegar lá fui submetida a um intenso e rígido programa de estudos, tocava Chopin todos os dias, durante um ano inteiro. Graças aos estudos deste compositor, minha técnica melhorou imensamente.

Eu sentia que estava tocando no mundo da música clássica europeia e tendo contato direto com a tradição. Viajar fazia parte do aprendizado e fui visitar Varsóvia, a capital da Polônia. Muitas são as homenagens ao compositor por toda a cidade, a universidade de música leva o nome do músico, há o museu com mais de cinco mil objetos relacionados com a vida e a obra de Chopin e no parque histórico “?azienki” encontra-se uma imensa escultura do compositor.

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Já de volta ao Brasil e trabalhando no Bolshoi, pude tocar nos ensaios da obra Chopiniana, um balé de 1907, somente com obras do polonês, na orquestração de Alexander Glazunov e coreografia de Mikhail Fokine. Ouvir as músicas de Chopin estando no Brasil é um convite a voltar às memórias dos seis anos de estudos na Polônia.

O compositor continua no meu caminho, hoje realizo meu doutorado em música no Rio de Janeiro e a universidade encontra-se na rua do Pão de Açúcar. Toda vez que tenho aulas, almoço em frente à praia vermelha, meu professor orientador disse uma vez:

– Semitha, vá até o meio do calçadão da praia. Eu vou ficar aqui olhando-.

Fui até lá e para minha surpresa havia uma escultura de Chopin, bem diferente daquela em Varsóvia. Ele está bem magro e olha para o mar, talvez pensando em como veio parar aqui nas terras quentes do Brasil. Não pude conter a emoção.

Desejo um feliz aniversário a Chopin e que sua música continue levando beleza e inspiração às plateias do mundo inteiro!

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Semitha Cevallos

Pianista e professora de música na Escola Bolshoi

spianista@hotmail.com