A Polícia Federal (PF) vai analisar as ameaças de morte contra as cinco parlamentares de Santa Catarina, atacadas na última semana. A medida foi tomada após reunião entre as vítimas e o órgão, juntamente a deuputada e participante da Bancada Feminina da Assembleia Legislativa do Estado (Alesc), Luciane Carminatti, nesta quinta-feira (9).

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Carla Ayres (PT), Maria Tereza Capra (PT), Ana Lúcia Martins (PT), Giovanna Mondardo (PCdoB) e Marlina Oliveira (PT) receberam as ameaças via e-mail institucional. Elas protocolaram formalmente um pedido de proteção ao Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O grupo pediu também proteção da PF no Estado, mas, para isso, é necessário que novos procedimentos com a pasta sejam feitos.

— Dentro das competências da PF, eles estão tomando as medidas necessárias para apurar os fatos. Nos tranquilizaram muito com aquilo que podem fazer diante das investigações, saímos bastante otimistas. Em relação à proteção, ainda precisamos fazer novos diálogos com o programa de proteção e a partir disso ver como fica encaminhado — afirma a deputada Carla Ayres.

Cinco vereadoras ameaçadas se reúnem em Florianópolis: “Combinamos de não morrer”

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Em nota, a PF informou em nota que os casos “serão analisados para verificação de suposta existência de ilícitos penais e, ainda, da atribuição da Polícia Federal para atuação como polícia judiciária da União”.

A situação causada por uma “onda de ódio”, conforme Carminatti, “é inaceitável nos dias atuais” e, por isso, não deve ser minimizada.

— Nós não podemos admitir. A violência política e de gênero, os discursos de ódio e as ameaças antidemocráticas são e serão vigorosamente combatidas e nós reiteramos nosso compromisso inabalável com o Estado Democrático de Direito neste país — afirmou ela na Alesc.

O que se sabe sobre os casos das quatro vereadoras de SC ameaçadas de morte

— Nós estamos amedrontadas porque somos de diferentes cidades e regiões do Estado, não queremos só informar os fatos, mas que as autoridades deem a devida investigação à isso para que os responsáveis sejam punidos na forma da lei — afirma a vereadora de Florianópolis. 

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Entenda as ameaças

Carla Ayres (PT), parlamentar em Florianópolis, Maria Tereza Capra (PT), que teve o mandato cassado em São Miguel do Oeste, Ana Lúcia Martins (PT), de Joinville, Giovanna Mondardo (PCdoB), de Criciúma, e Marlina Oliveira (PT), que atua em Brusque, receberam e-mails intitulados de forma similares e assinado por um único nome. 

“A vitória final virá e iremos matar você”. “Seus dias e os dados [sic] sua família estão contados”, diziam os e-mails, assinados por Vanirto Conrad (PDT), vice-presidente da Câmara municipal de São Miguel do Oeste. Ele, no entanto, negou a autoria. 

Além de ameaças de mortes, as vereadoras receberam também ofensas racistas e lesbofóbicas. Maria Tereza não recebeu o e-mail de forma direta, mas foi citada em ambos os conteúdos também com agressões. A situação acontece após ela denunciar a suspeita de um gesto nazista feito em um ato antidemocrático no Oeste do Estado, e as outras quatro parlamentares prestarem apoio à vereadora. 

E-mail à Carla Ayres

Carla divulgou o e-mail de ameaças nas redes sociais na segunda-feira (6). A mensagem com o título “Avise a Maria Tereza Capra de São Miguel do Oeste sobre isso” ofende a parlamentar a chamando de “machorra, sapatona doente” e diz: “iremos matar você”. 

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E-mail à Maria Tereza

Maria Tereza, que teve o seu mandato cassado em São Miguel do Oeste após denunciar suposto gesto nazista em ato democrático na cidade, também foi alvo de ameaças, apesar de não ter recebido e-mail de forma direta. Em ambos os textos enviados às cinco parlamentares, a cassação de seu mandato foi o foco do conteúdo e dizia direcionado à ela: “Vou cassar a sua vida”.

E-mail à Ana Lúcia Martins

Primeira vereadora a denunciar o e-mail e registrar boletim de ocorrência, em Joinville, Ana Lúcia Martins foi atacada com ofensas, ameaças de morte e falas racistas. No e-mail, ao qual a reportagem teve acesso, a parlamentar é chamada de “macaca preta imunda”.

E-mail à Giovanna Mondardo

A vereadora de Criciúma também foi citada em todos os e-mail e teve um texto redigido ao seu endereço com ameaças de morte e teor semelhante aos das cinco parlamentares.

E-mail à Marlina Oliveira

A parlamentar de Brusque, Marlina Oliveira (PT), compartilhou nas redes sociais a mensagem que recebeu. Falas como “macaca fedorenta”, “vou caçar a sua vida”, “tem que morrer de pancada”, estiveram no conteúdo do e-mail, que também foi intitulado por: “Avise a Maria Tereza Capra de São Miguel do Oeste sobre isso”.

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Veja na íntegra a nota da PF

“A Polícia Federal, atendendo à solicitação da deputada estadual Luciane Carminatti e das vereadoras Carla Ayres, Giovana Mondardo e de Maria Tereza Capri, recebeu nesta quinta-feira (9) a visita das parlamentares, as quais relataram eventos ocorridos no município catarinense de São Miguel do Oeste nos últimos meses, os quais serão analisados para verificação de suposta existência de ilícitos penais e, ainda, da atribuição da Polícia Federal para atuação como polícia judiciária da União.

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