Uma quadrilha de São Paulo especializada em desvio milionário de divisas para o exterior com célula em Santa Catarina foi presa preventivamente nesta terça-feira pela Polícia Federal de SC.
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Em apenas um ano, o bando enviou mais de R$ 100 milhões para a Coreia, China, Singapura, Hong Kong, Estados Unidos e Panamá. Oito integrantes foram presos em Florianópolis, São Paulo e Santos. O chefe, coreano, e outro suspeito, estão foragidos.
A Operação Tétis da PF de Santa Catarina teve origem na desconfiança de técnicos da Receita Federal (RF) de SC em relação a documentos apresentados por suposto empresário de São José, na Grande Florianópolis, quando ele tentou abrir a empresa de comércio exterior Trip Traiding.
– Os técnicos notaram diversos indícios de falsificação e não fizemos a habilitação para operação da empresa. Depois, tentaram habilitar a empresa MD Training. Nenhuma teve sucesso e enviamos os documentos ao Ministério Público Federal – contou o auditor fiscal da RF de SC, Gilberto Tragancin.
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O MPF de SC repassou o caso para a PF/SC, que abriu inquérito e montou uma força-tarefa com policiais federais do Estado e de SP.
Nos sete meses de investigações, os policiais com apoio da Receita e do MPF descobriram que a Trip e a MD eram empresas de fachada. Mesmo não habilitadas, passaram a operar na importação de produtos para o Brasil.
Eram artigos vendidos no maior centro de comércio popular do país: a Rua 25 de Março, em São Paulo, mantida por comerciantes em sua maioria coreanos.
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Por meio dessas empresas e de outras, em São Paulo, que fingem atuar no mesmo ramo, a quadrilha mandava remessas de dinheiro ilícito para o exterior, fraudando tributos nas mais de 265 operações financeiras realizadas entre 2012 e 2013, período em que o bando foi monitorado pelas instituições federais.
Chefe da organização está foragido
O chefe da quadrilha, que está foragido, o coreano Jae Il Do, apelido André, 50 anos, criou um esquema para enviar dinheiro ilícito de pessoas que não queriam declarar suas movimentações financeiras à Receita Federal.
Inteligente, articulado e organizado, Il Do montou um grupo com gente habilitada e laranjas para falsificar documentos, abrir empresas, fazer operações de câmbio, pagar integrantes da organização criminosa, receber mercadorias possivelmente no porto de Santos, entregar os produtos na 25 de Março para venda. Cada tarefa era compartimentada.
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Os clientes de Il Do, que podem ser qualquer pessoa, políticos, empresários, herdeiros, narcotraficantes, são investigados na operação, coordenada pelo chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvio de Verba Pública (Delefin) da PF de SC, delegado Christian Luz Barth. Por determinação da Justiça Federal, a investigação está em sigilo.
– Apreendemos documentos na sede da empresa de fachada MD Training, em São José, que são muito esclarecedores para a investigação – observou o delegado Christian Barth.
Em SC, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em São José, Florianópolis e Garobapa, e quatro de prisão preventiva. Um dos presos é natural da região e pertence a cúpula da quadrilha. Conforme a PF, ele está no esquema apenas por ter contatos com a quadrilha.
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O quinto suspeito de SC não foi encontrada e está foragido da Justiça. É Márcio Silva Grizotti, o Negão, 34 anos.
Origem do dinheiro em investigação
Em SP, foram quatro presos. O quinto mandado continua aberto. É o do chefe foragido Jae Il Do. Cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos na capital paulista e em Santos, Litoral de SP.
Os policiais apreenderam joias, carros de luxo como BMW e moto, R$ 117 mil em dinheiro. Contas bancárias e bens imóveis da quadrilha foram sequestrados pela Justiça Federal.
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– Estamos apurando a origem do dinheiro. Novas prisões poderão ser realizadas. As investigações continuam – afirmou o superintendente da PF de SC, delegado Clyton Eustáquio Xavier.
Os presos foram encaminhados para a Central de Triagem do Estreito, em Florianópolis.